Viagem Medieval da Feira faz a proeza de condensar um reinado e inspirar apaixonados

Recriação, que termina neste domingo, assistiu a um pedido de casamento que ficará para a história. Mais de 160 mil entradas já foram vendidas

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A História de Portugal é contada num instantinho. Eles chegam numa carroça, sem animais, com os apetrechos necessários: molduras antigas, nomes de reis e rainhas, uma marioneta de madeira que narra aventuras e peripécias, bebés de pano para dar ideia de tamanha descendência, espadas, vestidos reais. As Marionetas de Mandrágora instalam-se no burgo medieval e abrem as cortinas da carroça. O espectáculo vai começar. “Quando não havia Portugal, tudo estava mal”, cantam os dois homens e as duas mulheres preparados para revelar o que se passou desde Afonso Henriques até D. Sancho II. Houve muitas lutas, pois houve, e muitos filhos e filhas de reis e rainhas, mais conflitos entre irmãos que disputavam castelos e ainda conquistas de territórios por essas terras fora e mares a perder de vista.

Um resumo divertido e real de tantos séculos em pouco mais de 20 minutos. Um rei que troca palavras, uma rainha austera que, de repente, é uma esposa dedicada ou uma irmã furiosa com a herança do pai. No final, muitos aplausos e um desejo secreto que aquelas personagens continuassem a contar aquela história por mais alguns séculos. Mas é preciso continuar porque há muito para ver nesta 18.ª Viagem Medieval em Terra de Santa Maria, no centro histórico de Santa Maria da Feira que é agora um burgo do século XIII que condensa, em quase 300 espectáculos, os momentos mais marcantes do reinado de D. Sancho II, quarto rei de Portugal. Nas margens do Rio Cáster, conta-se o que se passou durante a tomada de Elvas e um jovem cristão decide dar uma festa com músicos, acrobatas, saltimbancos, bailarinas e cavaleiros. Só que, nestes tempos, já se sabe, nem todas as festas corriam como o previsto porque há sempre cavaleiros ciosos do seu território e de espada na mão.

Nesta edição, houve um pedido especial de um cavaleiro dos nossos tempos que fez questão de se vestir à medieval. Há algum tempo que Gil Campos, de Santa Maria da Feira, alimentava a ideia. Concretizou-a nesta Viagem Medieval, no final das justas medievais, vestido de cavaleiro, montado a cavalo e com um texto estudado na cabeça. Ensaiou durante a manhã para à noite pedir a mão da sua amada Ana Filipa Castro em casamento. Pedido como manda a tradição: anel de brilhantes e ramo de flores, pedido oficial ao pai da noiva. O texto estava estruturado, na hora saiu com alguns saltos. “Não saiu palavra por palavra, faltaram alguns parágrafos, mas o importante estava lá”, conta dias depois do momento que não mais esquecerá. A noiva foi apanhada de surpresa e o coração deve ter batido bem mais depressa. Gil admite que estava nervoso no início, mas o momento, que tinha idealizado há mais de um ano, foi ainda melhor do que o esperado com a ajuda da organização da Viagem Medieval que se envolveu de corpo e alma neste pedido. “Achei que seria bonito fazer esta surpresa à minha namorada”, conta. Surpresa que arrepiou a plateia do torneio medieval de terça-feira à noite.

Por aqui, é fácil tropeçar numa personagem medieval. Há muita animação nesta recriação histórica do século XIII que termina neste domingo com vários espectáculos no programa e um cortejo às quatro da tarde até ao castelo com a rainha D. Mafalda a tomar conta dos destinos das Terras de Santa Maria. Os nobres passeiam nos seus cavalos, as donzelas arrastam glamour pelas ruas nos seus vestidos compridos, os pedintes cumprem o seu destino, os artesãos mostram os produtos das suas artes.

Artur Costa, designer gráfico, vestiu a pele de D. Sancho II, quarto rei de Portugal. Concorreu a um casting e acabaria por ser seleccionado para encarnar a figura principal do reinado. Espectador atento do evento ao longo dos anos, nesta edição passou para o outro lado e teve a oportunidade de acompanhar mais de perto tantos passos que é preciso dar para montar a recriação histórica. “De facto, dá muito trabalho pôr um espectáculo como este em marcha”, revela. São os ensaios, a caracterização das personagens, as pesquisas históricas, o guarda-roupa a rigor, a construção dos momentos mais relevantes, coordenar a animação que circula pelos espaços, montar uma feira franca, definir os comes e bebes sem qualquer produto que não se encaixe no século XIII. “Percebi melhor como funciona e quem está por fora não imagina a trabalheira que dá”, refere. Artur Costa, o rei ausente, traído pelo próprio irmão, vestiu-se a rigor para um cortejo que pisou as pedras da calçada do burgo medieval. “Foi interessante pela união das forças de combate, em auxílio do rei deposto”, diz a propósito desse momento decalcado na quinta-feira à noite. Até esse momento tinham sido vendidas 53.500 pulseiras de acesso ao recinto e 106.500 bilhetes.  

Andreia Ribeiro chega de Braga pela primeira vez à Viagem Medieval da Feira e sente que, de facto, aquele burgo medieval tem muito esforço. Está admirada com a dimensão. “Não fazia ideia que tivesse este mundo de gente”, admite. “Tem muita oferta, uma escala maior da que estou habituada. Se é uma coisa em grande tem de estar recheada”, conclui. David Rodrigues vem com a família de Ovar com a pulseira no pulso que dá acesso a todos os dias da Viagem. “É muito interessante, conta-se a História de Portugal”. São as peças que integram o programa que mais fascinam a família que tenta não perder pitada desta recriação histórica dos tempos medievais.

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