Vai ser possível cultivar hortas ou trabalhar num quarto do antigo Hospital do Desterro

Edifício actualmente desactivado vai acolher um espaço cultural, gerido pela empresa promotora da LX Factory, em Alcântara.

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Antigo hospital está desactivado desde 2006 Carlos Lopes/Arquivo

O edifício do Hospital do Desterro, em Lisboa, antigo hospital de referência nas áreas da urologia e dermatologia, vai transformar-se num “território experimental aberto ao mundo”. Esse é, pelo menos, o destino que a Mainside quer dar ao espaço, que será inaugurado no final do ano.

Nesta terça-feira, a empresa promotora da LX Factory, em Alcântara, assina com a Estamo, empresa do Estado proprietária do espaço, e a Câmara de Lisboa um protocolo com vista à reabilitação do antigo convento e hospital. O objectivo da empresa é transformá-lo num espaço para eventos culturais.

Apesar dos protestos de utentes e sindicatos, o hospital foi desactivado em 2006 e, desde então, o edifício tem-se vindo a degradar. Em Novembro, segundo a Lusa, ainda era possível observar placas de sinalização do laboratório ou do serviço de dermatologia, nas paredes exteriores.

A Mainside, que ficará responsável pela gestão das instalações, promete alterar este cenário e abrir o espaço ao público no final do ano. "Nesta fase inicial vamos abrir os primeiros pisos e só depois os pisos superiores", afirma Joana Gomes, da Mainside. O local será um “território experimental aberto ao mundo”, lê-se num comunicado emitido pela autarquia.

Segundo a empresa, vai ser possível “habitar e trabalhar numa cela” do antigo Convento do Desterro, que deu o nome ao hospital. O conceito de "cela" é apenas figurativo, explica Joana Gomes, uma vez que as celas do antigo convento deram lugar a quartos quando este foi convertido em hospital. "Queremos ter um espaço em que as pessoas possam pernoitar e trabalhar", afirma.

Os visitantes poderão também cultivar uma horta urbana, frequentar um clube de discussão, almoçar num refeitório comunitário ou assistir a aulas ou workshops, “entre muitas outras experiências desenvolvidas por várias empresas e organizações”, refere a nota da câmara. O objectivo da Mainside é transformar o local numa "grande escola, um campus de conhecimento", virado para os lisboetas e para quem visita a capital.

Este novo projecto, que resulta de uma iniciativa da agência de promoção económica Invest Lisboa, terá “dimensão internacional” e, embora diferente da LX Factory, “beneficia em muito da experiência acumulada com esse projecto”, garante a Mainside.

Projecto "estratégico"
O equipamento foi vendido à Estamo, empresa pública que gere o património imobiliário do Estado, por 9,24 milhões de euros. Já em Novembro, fonte da empresa tinha confirmado à Lusa que a Mainside apresentara uma proposta para a exploração do espaço.

O projecto é visto pela Câmara de Lisboa como “estratégico” no eixo de intervenção Martim Moniz-Praça do Chile, onde fica situado o antigo hospital. Vai juntar-se às várias intervenções que a autarquia tem levado a cabo naquela zona, nomeadamente na Mouraria e no Largo do Intendente.

“Pela dimensão, localização e relevância do equipamento, este poderá ser uma âncora fundamental para a regeneração e revitalização de toda a área, razão pela qual a Câmara de Lisboa se comprometeu a apoiar o projecto em diversas vertentes”, afirma na nota do município a vereadora da Economia e Inovação, Graça Fonseca.

Notícia actualizada às 15h42: acrescenta declarações de Joana Gomes, da Mainside
 

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