Universidade de Vila Real inaugura nesta semana um jardim pré-histórico

Com o apoio de voluntários e uma despesa de 300 euros, Jardim Botânico da UTAD passa a contar uma história com oito milhões de anos.

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António Crespí diz que jardim permitirá viajar por oito milhões de anos Rui Farinha

A Universidade de Vila Real inaugura na quinta-feira um jardim pré-histórico que, em 1500 metros quadrados, permite fazer uma viagem de oito milhões de anos de história até à domesticação das plantas pelo homem.

O professor António Crespí, responsável pelo Jardim Botânico, disse  à agência Lusa que a nova colecção concentra “oito milhões de anos de história até à domesticação das espécies, há cerca de 10 mil anos”. Em cerca de 1500 metros quadrados estão, neste momento, cerca de 50 espécies, mas, de acordo com o investigador, o objectivo é atingir, pelo menos, as oitenta.

Esta viagem pela história começa no fim do Plioceno, entrando-se depois numa fase em que as temperaturas baixaram muito, com períodos glaciares e interglaciares que deram início às estações do ano.

Segundo António Crespí, a colecção representa também “os bosques paleotropicais que gradualmente começam a adaptar-se às estações do ano” e, por fim, está a “vegetação contemporânea” e na qual se verifica a “acção do homem na domesticação”, para o seu uso na alimentação. Aqui encontram-se plantas medicinais, como os tomilhos ou as mentas, e espargos, favas ou ervilhas, entre outros. Entre as espécies mais emblemáticas que podem ser observadas neste jardim, o professor destaca as magnoliáceas, como a magnólia-anã, as lauráceas, abacateiros-silvestres, loureiros, canforeiras, juntamente com medronheiros ou pilriteiros.

António Crespí salientou que este jardim vai custar apenas “300 euros”, porque se recorreu a materiais que já existiam na universidade e a mão-de-obra dos voluntários. Os gastos são com a gravilha e as placas de informação.

O Jardim Botânico da UTAD, um dos maiores da Europa, está a actualizar progressivamente as suas placas de identificação com recurso a etiquetas visuais QRCode, com códigos visuais impressos que permitem aos visitante ter acesso a um conjunto vasto de informação de cada espécie através do seu telemóvel. De acordo com o responsável, neste momento já existem cerca de 400 placas com essa informação. O Jardim Botânico possui cerca de 1000 espécies vivas.

Esta nova colecção do Jardim Botânico da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) é inaugurada no âmbito do I Encontro Internacional de Paleo-Ambiente e Etnobotânica, que inclui ainda a realização de um Jantar Pré-Histórico. O congresso internacional acolhe especialistas de Portugal, Espanha, Brasil e Inglaterra e tem como convidados os investigadores ingleses Jane Renfrew e o marido Colin Renfrew, da universidade de Cambridge.

O Jantar Pré-Histórico vai ser feito à base de algumas destas plantas ou com os animais de caça ou pastorícia que faziam parte da alimentação dos nossos antepassados. A ementa vai ser composta por entradas com húmus, azeitonas e tremoços, sopas de urtigas e de lentilhas com pão chato, carnes de javali ensopado, costelas grelhadas tipo “fogo de chão”, bebidas de chá de sementes de papoila, chá de fungo, água; e para sobremesa doces de morangos com iogurte e mel e maçãs frescas.
 
 
 
 

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