Um pára-quedas, um edifício e alguma coragem à mistura

A população da Maia terá, este sábado, os olhos bem atentos ao topo da Torre do Lidador. São 17 os atletas nacionais e internacionais que desafiam a gravidade ao saltar dos 92 longos metros do edifício com o auxílio de um pára-quedas.

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Os saltos são a partir do alto da torre do Lidador Mário Marques

“É um momento só nosso. É um momento em que mais nada conta. Somos nós e só nós.” É assim que Pedro Pereira, dos Low Stuff Base, descreve o BASE Jumping, modalidade que pratica há mais de três anos. Horas antes de saltar da Torre do Lidador, o “quarto edifício mais alto do país”, o atleta explica que o salto é extremamente preparado. “A segurança é um pormenor que os BASE jumpers têm muito em conta. Não é como as pessoas pensam”, sublinha Pedro. Da mesma opinião é Tony Mad, um saltador espanhol convidado para o evento. “Momentos antes de saltar arranjamos mil desculpas para não o fazer. Mas quando saltamos, abrimos o pára-quedas e aterramos, a sensação de felicidade é tão grande que não se pode comparar a nada que tenhamos feito antes”, descreve. E o BASE Jump é mesmo isso. Com raízes no paraquedismo, esta modalidade desportiva desafia os jumpers a saltarem de objectos fixos que todos conhecem, como edifícios, antenas, pontes e ainda montanhas – daí a designação de BASE ser Building Antenna Span e Earth.

Para os atletas é um desafio constante. “No BASE Jump têm-se medo em todos os saltos”, afirma Tony Mad. Este fim-de-semana o desafio é na Maia, Cidade Europeia do Desporto 2014, no “BASE Jump Exhibition 2014”, uma exibição organizada pela Publigest que conta com 17 atletas nacionais e internacionais. A Torre do Lidador, com 92 metros de altura, é palco para a aventura que começou nesta sexta-feira por volta da hora do almoço. E são apenas 13 segundos que separam o saltador do topo do edifício até terra firme.

Uma vez que o vento pela manhã parecia não querer parar, os voos foram adiados e só por volta das 13h00, as dezenas de pessoas presentes no átrio da câmara municipal da Maia puderam avistar os atletas no cima da Torre Arlindo Lima. “[O salto] é um encontro contigo próprio. Onde as emoções vão ao rubro e se sente uma extrema felicidade. E depois começa tudo de novo outra vez. É espectacular”, descreve o atleta. A paixão pela modalidade surgiu em 2012, depois de uma longa experiência em paraquedismo. Tal como Pedro Pereira, Arlindo é instrutor de paraquedismo e pediu ao amigo para ser seu mentor no Base Jump. Hoje formam a equipa Low Stuff Base e, em conjunto com a Publigest, convidaram atletas nacionais e internacionais para participarem no “BASE Jump Exhibition 2014”. 

Mas para os que pensam que um salto de pára-quedas é “feito de uma forma livre”, os BASE Jumpers esclarecem. “Um salto exige mais de uma hora de preparação. Normalmente as pessoas pensam que somos loucos ou muito corajosos”, indica Pedro. “Não é apenas comprar o equipamento e saltar. Há um caminho duro para ter experiência”, completa Tony Mad. Contudo, todas as modalidades têm ossos do ofício e o terceiro salto do dia acabou por provocar, de acordo com a organização, uma pequena fractura no tornozelo de um saltador espanhol que rapidamente recuperou e estará pronto para saltar neste sábado.

Ainda assim, a sensação de liberdade e felicidade compensam. “Ao saltar, os sentimentos e sensações são impossíveis de explicar. Os outros pensam que não temos medo mas nós temos muitíssimo medo", esclarece o internacional Tony Mad, que veio a Portugal acompanhado de uma produtor de Palma de Maiorca para gravar um episódio para um programa de desportos radicais.

Assim, os interessados pela modalidade poderão, hoje, espreitar os saltos junto ao edifício da câmara, parceira do evento, entre as 10h e as 13h e as 17h e as 20h e ainda à noite entre as 22h e as 00h. Para completar este sábado desportivo haverá ainda aulas de zumba, aula de patins em linha e Freestyle de bicicletas e skates. De acordo com Sílvia Macário, da Publigest, a organização espera mais de 2000 visitantes e prepara já um evento para o ano, o BASE Jump Championship 2015, à semelhança de alguns países da Europa onde o desporto já começa a ganhar muitos adeptos. Embora em Portugal esta prática esteja ainda a crescer, o Base Jump promete voltar à Maia para o ano com “campeonato, júris e entrega de prémios”. Além disso, a organização adianta que está ainda a ser preparado uma exibição na Ponte D. Luís I, no Porto e na Nazaré.

Fim-de-semana com cor, música e animação
As actividades não ficam por aqui. Para além da exibição de saltos com pára-quedas o fim-de-semana traz também a 2ª edição do Just Writing My Name 2014, um Encontro Internacional de Graffiti que terá este ano o tema “Playground”. As paredes do Parque Central da Maia vão ser aproveitadas para expor a arte de cerca de 20 graffiters nacionais e internacionais. O objectivo é terminar com os graffiti selvagens e reabilitar a área com trabalhos que, de acordo com o Presidente da Câmara Municipal da Maia, António Gonçalves Fernandes “são uma autêntica obra de arte visitada por muita gente”. O presidente indica que os artistas necessitam de espaços legais para o trabalho que considera “uma arte com consciência, princípio, conceito e ideias”. Assim, durante o fim-de-semana entre as 11h e as 18h, os visitantes poderão assistir à pintura dos grafitis, bem como sessões de Body Paint, ilustração, DJ e battle de Break Dance  


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