Um milhão de euros investidos no Algarve para ver golfinhos

Empresa proprietária do catamaran inaugurado este sábado espera transportar 30 mil pessoas durante o Verão para ver os cetáceos a pular e a dançar, no meio natural.

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Os golfinhos, neste Verão, estão a ser uma das grandes atracções turísticas do Algarve. Este sábado, na marina de Albufeira, vai ser lançado à água um catamaran – que representa um investimento de um milhão de euros – para aumentar e diversificar a oferta das visitas guiadas pela costa algarvia.

A embarcação, construída nos estaleiros navais de Vila Real de Santo António, beneficiou de um subsídio de 80% do custo, por via dos fundos comunitários (QREN).

O barco, baptizado por Ocean Spirit, tem capacidade para uma centena de pessoas, incluindo os 17 elementos da tripulação. Das características do catamaran destaca-se a  “enorme área de lazer”, onde se podem realizar eventos. Por isso, dispõe de dois bares e de um sistema de som topo de gama, distribuído por dois pisos. Os golfinhos são o cartaz, mas a bordo a empresa garante existirem muitos outros motivos de interesse “sem pôr em causa o ecossistema envolvente”.

O Ocean Spirit é o quinto elemento da frota da empresa Dolphins Driven, que trabalha na observação de cetáceos no Algarve desde 2006, e é apresentado como um exemplo de qualidade no turismo náutico. Com recurso a tecnologia usada na aviação, dizem os responsáveis pela empresa, foi possível reduzir o consumo de combustível em cerca de 35% em relação a outras embarcações. “Tudo o que o ganhámos até agora foi para reinvestir”, diz o administrador Mário Blanco. No que diz respeito ao avistamento de golfinhos adverte: “Eles não têm morada certa”. Porém, sublinha os números da empresa: “Em cada cinco saídas, quatro têm êxito."

Mário Blanco espera transportar 30 mil pessoas durante este Verão só para ver golfinhos. O preço dos bilhetes no Ocean Spirit é de 40 euros por adulto; 100 euros o pacote familiar (dois adultos e duas crianças). Os alunos de Biologia Marinha da Universidade do Algarve, no âmbito de uma parceria com a empresa, viajam gratuitamente, em troca de prestarem informação científica sobre a vida marinha. Além dos programas de avistamento dos cetáceos, a Dolphins Driven promove, com outras embarcações, visitas a grutas e praias semi-desertas. 

A operar na mesma área de negócio, Paulo  Nugas – proprietário da Formosamar, uma entre mais de uma dezena de empresas que se dedicam a esta actividade no Algarve – é adepto da utilização de barcos mais rápidos, e de menores dimensões, com uma capacidade para dez a 12 pessoas. “O impacto negativo no meio é menor e, por outro lado, é  possível  ter um biólogo a fazer o acompanhamento de proximidade aos visitantes”, justifica.   

O avistamento de golfinhos, acrescenta, “felizmente está  a acontecer com cada vez mais frequência”. A meio desta semana, relata, foi visto um conjunto de mais de duas centenas. "Foi impressionante”, comenta. Umas vezes aproximam-se, outras afastam-se mais da costa, mas circulam, normalmente, pela faixa das quatro milhas. O empresário sublinha que a partir da praia de Faro, já foram vistos golfinhos "a fazer piruetas”. A presença destes animais é vista como sinal de qualidade das águas e abundância de peixe, embora os pescadores se queixem dos estragos que eles fazem nas redes.

Os golfinhos são cada vez mais um emblema para atrair turistas no Verão, mas as empresas que se dedicam a esta actividade procuram estar operacionais todo o ano. A Formosamar, por exemplo, destaca o birdwatching, observação de aves, na ria Formosa como uma área que está a ter uma procura crescente. O negócio, admite Paulo Nugas, está em expansão. “Comprei dois novos barcos, com custos entre os 120 e os 130 mil euros cada, mas não tive subsídios”, observa.

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