Tratolixo recorre ao tribunal para evitar falência

Administração da empresa quer apresentar plano de revitalização e fala de "intransigência" por parte da banca, que cortou o crédito.

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Câmaras abrangidas têm transportado os resíduos para outros aterros Adriano Miranda/Arquivo

A empresa intermunicipal Tratolixo, que gere a recolha e tratamento de resíduos dos concelhos de Cascais, Mafra, Oeiras e Sintra anunciou que pediu a intervenção judicial para avançar com um plano de revitalização que resolva os seus problemas financeiros.

"Antes que algum credor pedisse a insolvência da empresa, a Tratolixo pediu um plano de revitalização para conseguir sentar-se à mesa com os credores, designadamente a banca, para encontrar uma solução para as dívidas muito significativas que tem", afirmou à Lusa o presidente do conselho de administração da empresa, Domingos Saraiva. Para preparar o Plano Especial de Revitalização, o Tribunal do Comércio nomeou, na segunda-feira, o administrador judicial Salvado Martinho.

Domingos Saraiva explicou que o principal problema "é financeiro e de financiamento", motivo pelo qual os bancos suspenderam o financiamento à construção da Central de Gestão Anaerobia da Abrunheira (Mafra). A nova central representa um investimento de cem milhões de euros e o corte do financiamento levou à paragem das obras - o que obriga as câmaras a transportarem diariamente grandes quantidades de resíduos para aterros situados a dezenas de quilómetros de distância.

A empresa possui uma dívida de 130 milhões de euros, concentrada no BPI, BCP, Caixa Geral de Depósitos e Banco Espírito Santo. Segundo o gestor, a Tratolixo já tinha 70 milhões de euros de dívida em 2006, porque "não reflectiu os custos de exploração na tarifa cobrada aos consumidores".

Domingos Saraiva disse ainda que estão assegurados os 270 postos de trabalho. Numa nota divulgada na sua página de Internet, a administração (em funções desde 2007) afirma que as dificuldades da empresa se devem, "fundamentalmente", à "intransigência" da banca que, em Dezembro de 2011, cortou "definitivamente" os financiamentos que deviam estar a ajudá-la a "recuperar dos efeitos de vários anos de gestão imprudente". O corte do financiamento ocorreu em consequência do incumprimento da Tratolixo.

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