Trabalhos para a criação do "primeiro parque vinícola de Lisboa" começam este Verão

A câmara e a Casa Santos Lima querem fazer de um terreno municipal ao abandono nas imediações do Aeroporto um palco de aprendizagem e uma atracção turística.

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Apesar do arranque de 175.000 hectares de vinha a produção manteve-se excedente Foto: Pedro Cunha

Os trabalhos no terreno de três hectares junto à Avenida Marechal Gomes da Costa e à Rotunda do Relógio no qual vai nascer “o primeiro parque vinícola de Lisboa” deverão começar este verão. A expectativa da Câmara de Lisboa e da Casa Santos Lima é que daqui a pouco mais de três anos já haja uvas para vindimar e, um ano depois, vinho produzido no centro da cidade para saborear.

O protocolo que visa à criação deste parque foi assinado esta segunda-feira, entre o vereador da Estrutura Verde do município e o administrador-delegado da Casa Santos Lima, que é considerada o maior produtor de vinho da região de Lisboa.

O terreno em causa fica na freguesia de Marvila, e está previsto que nele seja feito um investimento privado de cerca de 100 mil euros, que inclui a construção de uma cerca de delimitação de toda a área, a plantação da vinha, a construção de um edifício que funcionará como “espaço de apoio e de divulgação e promoção” e o arranjo das hortas existentes no local. O contrato de arrendamento rural agora celebrado é válido por 25 anos e pressupõe o pagamento de uma renda anual de 120 euros.

“Sempre quis ter uma vinha em Lisboa”, confessa o vereador José Sá Fernandes, explicando que esta é uma forma de dar um novo uso a um espaço que “está abandonado e agora vai ficar limpo e arranjado, com manutenção”. Mas além disso, defende o autarca, esta é também uma oportunidade para divulgar os vinhos de Lisboa e para “diversificar” e “tornar mais rica” a “actividade pedagógica” da cidade.

Sá Fernandes frisa que Lisboa já tem uma Quinta Pedagógica, a Quinta do Zé Pinto, o Parque Florestal de Monsanto e cerca de 40 hectares de hortas, espaços aos quais se irá agora juntar um parque vinícola. A ideia, acrescenta, é que este “seja visitável”, oferecendo assim aos mais novos um palco de aprendizagem e aos restantes lisboetas uma possibilidade de acalentar a sua “atracção telúrica”.

Também o administrador-delegado da Casa Santos Lima quer que esta nova vinha, que “não é comum em grandes cidades”, seja “um cartão de visita” de Lisboa, atraindo enólogos, turistas e jovens que queiram “aprender o ciclo da vinha”. “Era um desafio a que não podíamos deixar de responder”, sublinha José Oliveira da Silva.

Ao PÚBLICO, o administrador desta empresa familiar reconhece que não foi a questão económica que o moveu neste processo. “Não é à conta disto que espero reformar-me”, disse, bem-humorado, acrescentando que se algum produtor de vinho havia na região de Lisboa com capacidade para fazer este investimento era a Casa Santos Lima.

O protocolo de parceria assinado entre as duas partes prevê que a empresa disponibilize anualmente 600 garrafas de vinho à câmara e cem garrafas à Junta de Freguesia de Marvila. Um apontamento que Sá Fernandes destaca, lembrando que os convidados das recepções oferecidas pelo município poderão passar a beber vinho produzido no seu território.

Junto à vinha deverá ser instalado “um anúncio de grande visibilidade aos Vinhos de Lisboa”, no qual a autarquia está já a trabalhar, e “painéis indicativos” referentes à Casa Santos Lima, “conforme maquetes a definir com o município”. 

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