Sócrates: reconversão vai tornar refinaria de Sines em centro industrial de primeira linha

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O investimento da reconversão vai ser cerca de mil milhões de euros Rui Gaudêncio (arquivo)

José Sócrates considerou hoje que o projecto de conversão da refinaria da Galp, associado a outros investimentos no sector petroquímico, é "da maior importância para o país e afirma Sines como um centro industrial de primeiríssima linha".

O primeiro-ministro presidiu hoje ao final da tarde à cerimónia de lançamento da primeira pedra da construção do projecto de reconversão da refinaria de Sines, num investimento global de cerca de mil milhões de euros, juntamente com o ministro da Economia, Manuel Pinho.

"Estes investimentos privados são da maior importância para o país e afirmam em definitivo Sines como um centro industrial de primeiríssima linha e uma das áreas mais modernas da indústria portuguesa", sublinhou José Sócrates, durante o discurso que se seguiu a uma visita pela unidade.

O primeiro-ministro lembrou que o concelho alentejano reúne três grandes projectos petroquímicos (Galp Energia, Repsol e Artenius), no valor global de 2,5 mil milhões de euros.

"Isso vai transformar o nosso sector petroquímico e vai transformar Sines", realçou.

"Sines já era importante. Fica mais importante agora, porque estão aqui a fazer-se dos investimentos mais volumosos e significativos na modernização do sector petroquímico", enfatizou.

Meio por cento do PIB por ano

A estes projectos, Manuel Pinho juntou, no seu discurso, os do sector da electricidade (Air Liquide e Central de Ciclo Combinado a Gás), para explicar que o montante global, no valor de três mil milhões de euros corresponde a "cerca de 1,5 por cento do PIB português".

"Assumindo que este conjunto de investimentos vai demorar uma média de três, quatro anos a ser realizado", o conjunto total "significa quase meio por cento do PIB português por ano", frisou.

Sócrates destacou na ocasião a importância deste investimento para a economia nacional, "num momento em que todos os grandes projectos industriais no mundo são ameaçados pela crise financeira".

Trata-se do segundo projecto PIN + (Projectos de Potencial Interesse Nacional) a ser executado, depois da refinaria de Matosinhos, um modelo que visa garantir que os investimentos considerados estratégicos obtenham um "licenciamento rápido".

"Esse modelo funcionou na refinaria de Matosinhos e aqui, na de Sines", acentuou o primeiro-ministro, afiançando que o resultado contribui para mostrar que a administração pública portuguesa está mais “amiga” dos negócios e do investimento.

Também a autarquia local contribuiu para a "celeridade" dos processos de licenciamento necessários ao projecto, "sem esquecer as exigências ambientais", afirmou na altura o presidente do município, Manuel Coelho (CDU).

Deixar de importar gasóleo

O projecto de conversão e de melhoria da eficiência energética da refinaria de Sines vai implicar a construção de uma nova unidade de hidrocraqueamento de gasóleo pesado para a produção de gasóleo e de 'jet fuel' (combustível para aviação).

Com este projecto, a Galp Energia pretende ajustar o perfil de produção da refinaria às necessidades do mercado, passando a produzir mais gasóleo a partir de 2011.

A empresa espera passar a produzir 2,5 milhões de toneladas de gasóleo por ano com a conversão das duas refinarias - Sines e Matosinhos -, colmatando o défice de produção de gasóleo do país.

A Galp espera assim que o país deixe de importar gasóleo, poupando cerca de seis por cento na factura anual de energia.

Ocupando actualmente uma área de 320 hectares na Zona Industrial e Logística de Sines (ZILS), a refinaria de Sines passará a abranger, depois da expansão, perto de 400 hectares, segundo Manuel Ferreira de Oliveira, presidente executivo da Galp Energia.

O projecto de conversão que hoje arrancou vai implicar ainda a construção de uma unidade de 'steam reformer' para a produção de hidrogénio e de uma unidade de recuperação de enxofre dos gases produzidos, ambas necessárias para o funcionamento da unidade de hidrocraqueamento.

Mais cem postos de trabalho

Em Sines, será ainda construída uma central de co-geração com uma potência de 82 megawatts (MW), num investimento de cerca de 73 milhões de euros, que vai permitir satisfazer as necessidades da refinaria, nomeadamente em vapor e energia eléctrica.

A central de co-geração de Sines, que entra em funcionamento no início do próximo ano, vai produzir 250 toneladas por hora de vapor, correspondentes a 216 megawatts (MW) térmicos, evitando a emissão de cerca de 500 mil toneladas por ano de dióxido de carbono (CO2), a nível nacional.

A Galp Energia prevê que no período mais intenso de construção estejam a trabalhar na refinaria de Sines cerca de 3.600 pessoas e sejam criados posteriormente cem novos postos de trabalho.

A refinaria de Sines emprega cerca de 500 trabalhadores e refina 223 mil barris de petróleo por dia, produzindo gasolina, gasóleo, gás de petróleo liquefeito, fuelóleo, nafta, "jet fuel", betume e enxofre.

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