Se a câmara gerisse os transportes a poluição em Lisboa seria menor, diz vereador

Estudo sobre as cidades europeias mais empenhadas na redução da poluição atmosférica colocou Lisboa no penúltimo lugar.

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Pedro Cunha/Arquivo

O vereador da Estrutura Verde e Energia da Câmara de Lisboa, Duarte Cordeiro, defendeu na terça-feira que se o município gerisse a Carris e o Metro a cidade apresentaria níveis de poluição do ar menores porque os transportes públicos seriam mais utilizados.

Na terça-feira foi divulgado um ranking das cidades europeias mais empenhadas na melhoria da qualidade do ar, através de medidas para diminuir a emissão de poluentes no sector dos transportes, elaborado pelas organizações não-governamentais de ambiente Amigos da Terra/Alemanha (BUND) e Secretariado Europeu para o Ambiente (EEB), da qual a Quercus faz parte.

Nesta lista de 23 cidades, Lisboa surge em penúltimo lugar, antes do Luxemburgo. "O problema é os transportes públicos. Por mais empenho que a gente tenha, nós não resolvemos o problema porque ele não está sob a nossa gestão. Se nós tivéssemos os transportes públicos, [...] havia menos carros e havia mais pessoas para andar nos transportes públicos", disse o vereador José Sá Fernandes, acrescentando que o município conseguiria "gerir muito melhor" a Carris e o Metro.

No estudo foram avaliadas 23 cidades de 16 países europeus, através de critérios como os transportes, incluindo a promoção da bicicleta, a renovação das frotas públicas pela inclusão de veículos limpos, portagens urbanas ou tarifas sobre o estacionamento.

Lisboa integra esta lista pela primeira vez e vai directa para a 22.ª posição (pior só mesmo o Luxemburgo), com valores de poluição acima dos permitidos pela União Europeia (UE), “apesar da tendência para diminuição”, notam os autores do ranking em comunicado.

A criação da ZER, que proíbe a circulação de veículos anteriores a 1996 e a 2000 (consoante os eixos) no centro da cidade, pecou inicialmente por ter "critérios muito brandos e praticamente sem aplicação", consideram as organizações europeias, assinalando porém uma evolução positiva na terceira fase, em vigor desde 15 de Janeiro deste ano, que reforça e alarga as restrições.

A gestão do estacionamento melhorou com o aumento das tarifas entre 2010 e 2012, e a Câmara de Lisboa tem tomado algumas medidas para promover a bicicleta e os transportes públicos, mas faltam iniciativas mais "ambiciosas" como a renovação da frota municipal, com a aquisição de veículos mais "limpos".

"Temos de fazer mais", admitiu José Sá Fernandes, que falava nos Paços do Concelho, referindo-se a mais zonas para bicicletas, ao programa "Uma praça em cada bairro", que vai permitir criar 30 praças na cidade até 2017 (reduzindo o trânsito), a zonas de acalmia de tráfego e à extensão das ZER.

Se o município recuperar a gestão dos transportes públicos, considerou, "em dois, três anos" consegue-se descer para metade nesta classificação. Nesse sentido, a autarquia vai agir entregar nos próximos dias uma petição judicial para impugnar a decisao do Conselho de Ministros, de lançar o concurso para a subconcessão da Carris e do Metropolitano de Lisboa. A autarquia lisboeta entende que "só há uma entidade a quem a lei concede as atribuições do poder de concessão: o município".

Os termos do concurso público internacional foram publicados há cerca de uma semana em Diário da República e o Governo já recebeu manifestações de interesse dos “principais operadores [de transporte] europeus”, disse o secretário de Estado Sérgio Monteiro.

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