São repetentes e chegam em grupo. Assim são os visitantes de Serralves em Festa

Estudo do ISAG caracterizou o público que visitou Serralves na edição de 2013 e identificou o que é preciso melhorar

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A esmagadora maioria frequenta o parque de Serralves - 88,2% paulo pimenta

Quando as portas da Fundação de Serralves se abrirem, às 8h de sábado, para a 12.ª edição do Serralves em Festa, o tipo de visitantes que ali acorrerá não será surpresa para a organização. Segundo o Estudo de Públicos do evento em 2014, e a respectiva comparação com 2013, realizado por uma equipa do núcleo de investigação do Instituto Superior de Administração e Gestão (ISAG), a maioria das pessoas que vai ao Serralves em Festa chega de carro, em grupo e já participou em edições anteriores. Ainda assim, a captação de novos públicos continua em alta.

Em 2014, 75,9% dos inquiridos, num total de 778 pessoas, já tinham participado noutras edições do Serralves em Festa e, destes, 43,5% tinham mesmo ido à fundação em três ou mais edições. Por outro lado, 24,1% revelou estar ali pela primeira vez, o que aponta para a capacidade de o evento se renovar e captar novos públicos. Mas, certo é que quem passar por Serralves, no próximo fim-de-semana, tem grandes possibilidades de encontrar por lá muitas das pessoas com quem se cruzou no ano passado. É que 77,4% dos inquiridos garantiu aos estudantes do ISAG que recolheram as respostas ao inquérito que pretendiam voltar este ano.

O que parece não ter ainda conseguido captar a atenção dos participantes é o transporte gratuito disponibilizado durante o evento e que liga Serralves à Boavista (Casa da Música) e à Praça da Liberdade (junto ao McDonalds). Os vaivéns apenas foram utilizados por 5,9% dos visitantes (em 2013, tinham sido 7,1%), que preferiram, sem margem para dúvidas, o carro para ir até à fundação, apesar do caos que se costuma instalar nas ruas em volta, tornando o estacionamento uma verdadeira aventura. Ana Pinto Borges, que coordenou o estudo, diz que este foi um dos factores que atraiu a atenção de Serralves, aquando da apresentação dos resultados à instituição, em Janeiro. “Este inquérito também serve para ver o que é preciso melhorar e Serralves percebeu que tinha de reforçar a comunicação de que há transportes gratuitos. A verdade é que este ano já senti que estão a divulgar mais esse facto”, disse ao PÚBLICO.

O inquérito anual realizado pelo ISAG pretende identificar o tipo de visitante, o seu grau de satisfação e o impacto económico que o evento tem na cidade, ao mesmo tempo que dá pistas à organização para as futuras edições. Assim, os responsáveis de Serralves podem, por exemplo, ficar contentes com o facto de, globalmente, 92,1% dos visitantes de 2014 se terem revelado satisfeitos ou muito satisfeitos com o tempo passado na fundação, ao mesmo tempo que ficam a saber que é preciso introduzir melhorias nos sectores que mais críticas receberam dos inquiridos – a oferta e preços praticados na restauração, as instalações sanitárias, o acesso e o tempo de espera. Ao nível do acesso a organização já fez um pequeno ajuste e, este ano, o acesso será permitido pelas duas entradas de Serralves, a tradicional, na Avenida Marechal Gomes da Costa, e a da Rua de Bartolomeu Velho.

O outro dado que ressalta deste inquérito é que os participantes do Serralves em Festa querem que este se mantenha gratuito, tal como nasceu. O estudo refere que se o pagamento do evento fosse de 8,5 euros por dia (o valor equivalente à entrada no museu e no parque), apenas 19,6% dos inquiridos estaria disponível para pagar. A percentagem baixa drasticamente para os 5,9%, quando se equaciona a possibilidade de se adquirir um passe de dois do evento no valor de 17 euros. “Estas perguntas são uma mera validação que temos de fazer neste tipo de inquéritos, não há qualquer intenção de tornar o Serralves em Festa pago. A direcção não quer isso, a intenção não é essa”, garante Ana Pinto Borges.

Como já tem sido usual nos últimos anos, o Serralves em Festa começa já na sexta-feira, fora da fundação, e na Baixa do Porto, com um conjunto de concertos organizados pela Câmara do Porto e a empresa municipal Porto Lazer. Por isso, a partir das 16h, não faltarão música, dança, performances e workshops no centro da cidade.

Às 16h, a festa começa na Reitoria da Universidade do Porto, com um espectáculo de dança contemporânea da coreógrafa e intérprete DD Dorvillier (no interior do edifício) e a performance da artista suíça Steffi Weismann (no exterior).

Mais tarde, entre as 21h e as 22h, o Largo dos Lóios vai animar-se com um conjunto de oficinas vocais orientadas por Phil Minton e a animação prossegue, depois, para a estação de S. Bento, onde Steffi Weismann fará uma nova actuação. A curta distância, no início da Avenida D. Afonso Henriques, pelas 22h30 a companhia britânica Reckless Sleepers apresenta a performance A String Section, fechando o programa de “aquecimento” para o fim-de-semana.

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