Saída da Vandoma das Fontainhas aprovada sob protesto de comerciantes

A partir de Janeiro, localização da Vandoma muda-se para a Avenida 25 de Abril, em Campanhã, e a Feira dos Passarinhos vai para as Fontainhas

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A Assembleia Municipal do Porto aprovou, na noite de segunda-feira, a transferência da Feira da Vandoma das Fontainhas para a Avenida 25 de Abril, com 28 votos a favor. A oposição votou em bloco contra a proposta, bem como dois deputados que suportam a maioria da lista independente de Rui Moreira e do PS, contando-se 17 votos contra. Os feirantes saíram indignados da sessão, depois de terem protestado na rua, à chegada dos deputados.

A Feira da Vandoma vai acabar se deixar as Fontainhas? O presidente da câmara, Rui Moreira, e os eleitos pela sua lista acreditam que não e que os protestos reflectem apenas “medo de mudança”; o PSD, a CDU e o Bloco de Esquerda (BE) acreditam que sim e que a proposta aprovada na noite de segunda-feira corresponde, de facto, à “extinção” da Vandoma. Manuel Martins, o único dos vendedores da Vandoma que ficou até ao fim na sessão da AM, em representação dos restantes feirantes, também. “Se a feira sair das Fontainhas vai morrer e acabar. Vou muito triste daqui”, disse ao plenário.

Antes de a sessão começar, cerca de 80 pessoas manifestaram-se no exterior contra o regulamento das feiras da Vandoma e dos Passarinhos que acabaria por ser aprovado horas depois. Eram feirantes da Vandoma, comerciantes das Fontainhas e membros do PAN – Pessoas Animais Natureza. Estes últimos protestavam contra a existência da Feira dos Passarinhos, que deverá passar a chamar-se Feira dos Animais, já que o novo regulamento prevê a venda de outros "animais de companhia".

Aí, Isabel Rodrigues, feirante na Vandoma, teve oportunidade de dizer ao vereador da Fiscalização, Sampaio Pimentel, que não queria sair das Fontainhas. Que não lhe importava que o espaço de venda fosse maior na Av. 25 de Abril. Que não percebia porque Rui Moreira não cumpria a promessa feita em campanha eleitoral, na visita à feira, de que esta não sairia das Fontainhas. Lá fora, os feirantes diziam que o barulho e os problemas de higiene vão aumentar com a ida da Feira dos Passarinhos, ao domingo, para o território que ainda é deles. E expressaram a certeza de que “os ilegais” vão continuar a aparecer nas Fontainhas, porque pouco lhes importa o nome da feira que lá existe.

Na reunião, contudo, quase todos abandonaram a sessão assim que a proposta foi aprovada. “Já está tudo decidido, acabou”, dizia uma das vendedoras incentivando os colegas a sair.

Junto ao microfone, já pouco se ouviu falar dos argumentos iniciais para a deslocalização da feira – as queixas de moradores. Agora, Sampaio Pimentel admitiu, entre outros factores, “a incapacidade dos recursos disponíveis para fiscalizar a feira” e Rui Moreira insistiu que o que estava em causa era “um problema espacial”. Problema que se reflectia no facto de nas Fontainhas não caberem todos os que lá aparecem para vender e de a polícia ter dificuldade em actuar contra os “ilegais” por causa dos “becos e calçadas” da zona, explicou. Argumentos criticados por Luís Artur, do PSD, que acusou o executivo de tentar resolver uma incapacidade dos serviços com a deslocalização da feira. “Nós somos incompetentes para fiscalizar a feira, portanto é fácil, vai para a Avenida 25 de Abril que não tem ninguém e o problema há-de resolver-se”, disse.

Enquanto o social-democrata e Ada Pereira da Silva defendiam que a Vandoma só funciona onde houver pessoas e no centro da cidade, Rui Moreira insistia para que tivessem “confiança em Campanhã”, instando: “Não tenham preconceitos contra Campanhã”.

O autarca defendeu as “excelentes acessibilidades” da nova localização, que deverá entrar em funcionamento em Janeiro, mas os comerciantes no exterior queixavam-se da ausência de sanitários e de cafés. Aprovada a proposta que retira a Vandoma das Fontainhas e instala lá, aos domingos, a Feira dos Passarinhos, resta saber se os feirantes sairão sem mais resistência. Isabel Rodrigues garantia, no exterior, que não: “Se os pássaros forem para lá, vamos invadir. No dia em que sairmos de lá acaba a Vandoma”.

A AM aprovou também a redução de taxas para que avance o processo de legalização do Shopping Bom Sucesso.

Artesanatus regressa à Praça D. João I

Ao mesmo tempo que pedia confiança aos deputados municipais na mudança da Feira da Vandoma para Campanhã, o presidente da Câmara do Porto admitiu que a transferência da Artesanatus, no ano passado, “correu mal”. A feira de artesanato de Natal que estava instalada, desde 2008, na Praça D. João I, foi obrigada a sair dali, para que o município instalasse no local uma pista de gelo. Depois de negociações, a Artesanatus foi para o Largo do Amor de Perdição, mas este ano já deve regressar à anterior localização, disse Rui Moreira. “Correu mal, admitimos, este ano vai voltar à Praça de D. João I. Nós também aprendemos”, disse o autarca.

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