Ruína de antigo colégio na alta de Coimbra vai ser reabilitada pela universidade

Antigo Colégio da Trindade vai, finalmente, dar lugar a centro de investigação na área do Direito.

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O edifício irá reabrir com profundas alterações no seu interior, num projecto de arquitectura com a assinatura do Gabinete Aires Mateus Adriano Miranda

A Universidade de Coimbra (UC) deve começar ainda em Setembro as obras de transformação da ruína do antigo Colégio da Trindade, na Alta da cidade, num centro de investigação na área do direito e da Justiça. A Casa da Jurisprudência é um sonho antigo desta academia, e depois de uma primeira tentativa frustrada, até Novembro do próximo ano o edifício ficará pronto para reabrir com profundas alterações no seu interior, num projecto de arquitectura com a assinatura do gabinete Aires Mateus.

O projecto é apoiado pelo programa regional Mais Centro, em cinco milhões de euros. A candidatura foi aprovada em Maio, mas só nos últimos dias é que a universidade ficou em condições de adjudicar a empreitada. A obra custa, no total, sete milhões de euros, mas boa parte do investimento que cabe à UC foi já realizado em fases anteriores, desde logo com a demolição das paredes não estruturais e coberturas do antigo colégio, a consolidação das fachadas e com os trabalhos de arqueologia.

O edifício, do qual sobram ainda um claustro e uma igreja, está na zona classificada pela Unesco como Património da Humanidade, mas ainda antes disso estava, como está ainda, na zona especial de protecção do Pátio das Escolas da UC, que é património nacional. Aliás, em declarações ao PÚBLICO, o reitor João Gabriel Silva assinalou o facto de a conclusão deste longo processo - cuja primeira candidatura a fundos europeus remonta a 2004 - permitir acabar com a última “grande ruína” nesta parte da cidade.

Quando se aproximam do varandim do pátio, para observar uma das mais belas curvas do Mondego, os turistas que por ali passam diariamente dão de caras, olhando uns metros para baixo, com um cenário pouco agradável, que nem os tapumes, vistos de cima, disfarçam. E já nem sequer por ali existe o Pratas, conhecido tasco frequentado pelos estudantes que foi desalojado do antigo colégio quando se iniciou o projecto de reabilitação. O projecto da dupla Aires Mateus prevê que se mantenha a cota anterior deste edificado, cuja cobertura parecerá um prolongamento, separado por uma rua estreita, do terreiro das escolas.

O presidente da Câmara de Coimbra, Manuel Machado, ainda se recorda dos primeiros esforços para reabilitar o imóvel. Regressado à presidência da Câmara no final de 2013, doze anos depois de ter deixado o cargo, o autarca socialista recebeu com satisfação a notícia da aprovação deste projecto por parte do Mais Centro, tendo em conta o impacto que terá no campo académico mas também urbanístico. A Universidade e a autarquia têm uma parceria na área da reabilitação urbana, a Cidade Univer(sc)idade, que já permitiu investir quase 12 milhões de euros, dez milhões dos quais co-financiados com fundos do Feder (Fundo Europeu para o Desenvolvimento Regional). E com a classificação da Alta pela UNESCO, a eliminação deste foco de ruína tornou-se ainda mais urgente.

A Casa da Jurisprudência começou por se chamar Tribunal Universitário Judicial Europeu, e para além das valências de investigação, incluía um tribunal, académico, mas com decisões aceites pelo sistema judicial português. O projecto de arquitectura que vai ser levado a cabo inclui a construção de uma sala de audiências, que será integrada na antiga igreja do colégio, mas ainda não é certo que ali se venham a realizar julgamentos, admitiu o Reitor. O assunto foi sendo colocado aos vários ministros da Justiça e João Gabriel Silva admite que, para Paula Teixeira da Cruz, envolvida na reforma do mapa judiciário, esta questão não seja uma prioridade. Em todo o caso, o projecto da Faculdade de Direito tem, com as restantes componentes, pernas para andar, garantindo que, no final de 2015, o antigo colégio reabrirá para um novo uso.

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