Rui Rio considera Letras na Avenida “mais saudável” do que a Feira do Livro do Porto

Autarca argumenta que o formato da Letras da Avenida é mais favorável aos operadores com menos recursos financeiros.

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A Letras na Avenida decorre até dia 28 Paulo Pimenta/Arquivo

O presidente da Câmara do Porto considerou nesta quarta-feira a iniciativa Letras na Avenida “mais saudável” do que a Feira do Livro, que não se realizou este ano, devido ao diferendo entre a autarquia e a associação de editores e livreiros.

Rui Rio, presidente da Câmara do Porto, falava à imprensa após uma breve visita às Letras da Avenida, que decorre até dia 28, na Avenida dos Aliados, organizada pela própria autarquia, em parceria com a produtora cultural Cultureprint. A inicativa reúne “25 livreiros e 70 editoras”, em 55 bancas de venda ao público, segundo informações dadas à agência Lusa pela vereadora do Conhecimento e da Coesão Social, Guilhermina Rego.

“Se estivesse aqui um presidente da câmara mais da esquerda, talvez dissesse que está mais com os pequenos do que com o grande capital, isto em sentido figurado”, afirmou Rui Rio. O autarca sustentou que o formato adoptado nas Letras da Avenida é mais favorável aos operadores que têm menos recursos financeiros. “Simpatizo bastante mais com este modelo do que com o outro, embora eu estivesse aberto na mesma [à Feira], desde que as coisas fossem colocadas noutro patamar, que não no patamar em que foram colocadas”, explicou.

Em 2009, a Câmara do Porto acordou com a Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL) o regresso da Feira do Livro à Avenida dos Aliados, atribuindo à organizadora do evento 300 mil euros, repartidos ao longo de quatro anos (até 2012), para investimento em novos equipamentos. A câmara este ano não renovou o seu financiamento, tendo comunicado à APEL ser “inviável o apoio financeiro excepcional nos moldes e valores pagos nas quatro últimas edições” do evento.

A 18 de Abril, a APEL suspendeu a edição de 2013 da Feira do Livro no Porto (a 83.ª), por “falta de condições financeiras” e por não poder garantir condições similares aos dos anos anteriores.

A iniciativa Letras da Avenida foi a alternativa encontrada pela Câmara do Porto e Rui Rio considera-a “uma excelente iniciativa”, sustentando que “dá oportunidade àqueles que antes nunca puderam participar na Feira do Livro”, por motivos financeiros.

O autarca disse mesmo os dinheiros públicos aplicados na Feira do Livro “iam servir para algo que tem uma componente de negócio privada muito grande, quando comparada com a componente de interesse cultural e público”.
Na sua visita, Rio não comprou qualquer livro e interessou-se, nomeadamente, por um exemplar do Livro de Leitura da 3.ª Classe, de 1954, que então custava 18 escudos.
 
 
 

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