Rio sugere que braço-de-ferro entre Governo e SRU do Porto tem a ver com autárquicas

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Rio e Costa convergem politicamente com frequência Paulo Ricca/Arquivo

O presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, sugeriu nesta noite, em entrevista à RTP Informação, que o conflito entre a autarquia e o Governo, por causa das contas da Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU) Porto Vivo, tem a ver com as próximas eleições autárquicas.

Questionado se acreditava que a recusa do Estado de saldar a dívida de 2,4 milhões à Porto Vivo tinha a ver com o facto de haver eleições autárquicas à porta, que terão como candidatos nomeadamente Luís Filipe Menezes, pelo PSD, e o  independente Rui Moreira, que se demitiu da administração da SRU na sequência deste impasse, Rui Rio observou que essa fora a tese defendida na véspera pelo presidente da Câmara de Lisboa, António Costa. "Ando nisto há muito anos, não acredito em bruxas, mas que as há, há", começou por responder o autarca do Porto.

"Agora, mesmo que haja as bruxas, elas têm de actuar de outra forma, porque esta têm do outro lado uma força tão grande, que é a força da racionalidade, a força do interesse público, a força para lá do interesse partidário que é tão forte, tão desiquilibrada [em face] de qualquer coisa de mesquinha que possa haver, que eu acho que essa força vai ganhar. Ou então as pessoas perderam completamente o sentido das coisas. Mas eu admito que isso ainda não tenha acontecido."

Na véspera, intervindo no programa Quadratura do Círculo, da SIC Notícias, António Costa acusou o Governo de estar a criar problemas ao funcionamento da SRU do Porto numa "operação montada para atacar Rui Rio e o anterior presidente da SRU, o independente Rui Moreira", em benefício da candidatura do actual presidente da Câmara de Gaia, Luís Filipe Menezes, à presidência da Câmara do Porto. "O candidato do Governo na cidade do Porto é um rapaz capaz de tudo", atirou então o autarca lisboeta.

As palavras de António Costa tiveram resposta, igualmente violenta, por parte do porta-voz da candidatura de Menezes, Couto dos Santos. "Eu acho que é preciso não ter vergonha nem ter ética para que o sr. Costa, que é candidato a Lisboa, venha imiscuir-se nas eleições da Câmara do Porto. Isso é um processo nunca visto", ripostou Couto dos Santos.

Apesar de não ser candidato nas próximas autárquicas, Rui Rio continua a ser uma figura muito presente nos discursos políticos, que seguem inflamados. Ontem mesmo, na qualidade de ainda presidente da Câmara de Gaia, Menezes acompanhou Pinto da Costa numa visita à Casa do FC Porto da Afurada, e criticou Rio, por não receber o clube campeão nacional nos paços do concelho. "O presidente da Câmara do Porto tem obrigação de ser isento, mas isso não significa ser insensato", afirmou aí.

Rio esteve politicamente muito activo nesta sexta-feira. De manhã, na reunião da Junta Metropolitana do Porto a que também preside,  já havia criticado duramente o Governo, por ter convocado na véspera, à noite, uma assembleia geral para aprovação das contas da Metro do Porto. Os autarcas da Junta boicotaram a assembleia, com Rio a acusar o Governo de tratar os presidentes de câmara com "desconsideração" e "falta de respeito".
 

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