Gestão de Rui Rio no centro da rentrée política na Câmara do Porto

Auditoria ao fundo imobiliário do Aleixo pode abrir conflito entre o anterior autarca e Rui Moreira.

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a auditoria pedida por Moreira ao fundo imobiliário do Aleixo separa-o de Rui Rio, que aprovou o negócio para aquele bairro Paulo Pimenta

A rentrée política da Câmara do Porto vai ficar marcada pela discussão de alguns temas que a oposição a Rui Moreira considera cruciais para a cidade e que se cruzam com a gestão de Rui Rio. Este está cada vez mais afastado do independente que os portuenses escolheram para governar o Porto, principalmente depois da auditoria pedida por Moreira ao fundo imobiliário do Aleixo e das críticas do novo programor do Rivoli ao que foi feito no teatro nos mandatos anteriores.

A “discussão colectiva” ainda não aconteceu, mas o vereador da CDU na Câmara do Porto, Pedro Carvalho, vai aproveitar a primeira reunião do executivo depois das férias do Verão, marcada para 9 de Setembro, para questionar o presidente sobre a auditoria à situação do Invesurb – Fundo Especial de Investimento Imobiliário para o a operação do bairro do Aleixo, lançado por Rui Rio.

A gestão do Teatro Municipal Rivoli e o mercado do Bolhão são outros dos temas em que a CDU vai insistir. E inevitavelmente a recente crise política entre o presidente e o vereador Manuel Sampaio Pimentel (CDS), entretanto sanada, não deixará de ser abordada pela oposição.

A auditoria interna que o presidente da Câmara do Porto decidiu fazer, em Abril passado, ao fundo lançado para construir um condomínio de luxo no bairro do Aleixo, é, do ponto de vista politico, a questão mais delicada. O independente Rui Moreira quer levar até às últimas consequências as dúvidas e suspeitas sobre aquele instrumento financeiro, que, segundo o Expresso, podem vir a acabar em tribunal. Este semanário garante que o momento que marca a ruptura entre os vereadores conotados com a gestão de Rui Rio e Rui Moreria aconteceu precisamente quando este comunicou ao executivo que mandara abrir, em Abril, uma auditoria ao processo do Aleixo.

A decisão de Moreira deixou Rio enfurecido e o assunto, que será acompanhado com toda a atenção pelo ex-autarca, é delicado e pode mesmo abrir uma nova crise no executivo. É que para além Rio, há na câmara pessoas muito próximas dele que estiveram ligadas ao lançamento daquele instrumento financeiro, que se encontra insolvente e que não estará a cumprir as contrapartidas contratuais com a autarquia.

Rui Moreira será questionado sobre a escolha do novo director artístico para os teatros municipais do Porto,  o Rivoli e o Campo Alegre. As declarações de Tiago Guedes, pondo em causa a gestão anterior do Rivoli, suscitaram uma tempestade de críticas, cujos estilhaços atingem também a gestão de Rio.

Para o vereador da CDU, “urge fazer uma auditoria à forma como Rui Rio e a coligação PSD/CDS geriram o Rivoli após a extinção da Culturporto”. “Há um conjunto de questões em relação às quais nunca houve uma resposta cabal da câmara. O Rivoli tinha valências para permitir um conjunto de respostas à cidade quando foi entregue a La Feria e que agora não tem”, acusa Pedro Carvalho.

O vereador comunista defende que é preciso saber “o que existia no Rivoli no acto da sua entrega a La Feria e o que ficou depois que ele foi embora”. “La Feria saiu do Rivoli num contexto de dívida a fornecedores, artistas e actores “, nota o vereador, frisando que é precisa apurar a totalidade dos custos inerentes ao seu funcionamento e às obras, entretanto, realizadas no interior do Rivoli”.

A CDU defende ainda que a auditoria deve incidir sobre a “actividade desenvolvida pelas pessoas nomeadas para a sua gestão, o valor pago pelo município com a compra de espectáculos e/ou de bilhetes para espectáculos e os valores que se estima ter que despender para repor o Rivoli na sua forma original”.

Envolto em grande incerteza está o mercado do Bolhão e o PSD está preocupado e quer saber qual o projecto que a câmara tem para o único mercado de frescos da cidade. No orçamento de 2014 não foi contemplado nenhum plano de intervenção no mercado e numa reunião do executivo, Rui Moreira afirmou que “se não houver QREN [Quadro de Referência Estratégica Nacional”, é absolutamente inexequível fazer este investimento como investimento puro e duro público”, recorda fonte do PSD.

O presidente da concelhia social-democrata do-Porto, Miguel Seabra, vai questionar o presidente sobre o fundo de emergência social que sofreu uma redução de 1,5 milhões de euros em relação ao valor anunciado. “Era uma promessa eleitoral de Rui Moreira e queremos saber o que é que a câmara fez em termos de fundo de emergência social”, afirma.

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