Reitor da Universidade do Porto acusa Executivo de "maltratar" a recuperação urbana da Baixa

Meia centena de personalidades da cidade reunidas por causa da difícil situação financeira da Sociedade Reabilitação Urbana, a quem o Estado deve 2,4 milhões.

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O reitor da Universidade do Porto, Marques dos Santos, declarou este sábado, momentos antes da reunião convocada pelo social-democrata e presidente da câmara, Rui Rio, para debater a situção da Sociedade de Reabilitação Urbana, que este movimento em defesa da SRU "não se trata de uma questão do Porto contra Lisboa", mas que resulta da "falta de confiança" das pessoas em relação ao Estado e "quando não há confiança as pessoas mobilizam-se".

"Não coloco isto como uma questão Porto contra Lisboa, ou como uma questão regional - não gosto de alinhar nisso. É o facto de o projecto [da recuperação urbana da Baixa portuense] ser um projecto merecedor e o não cumprimento da parte do Estado do compromisso é algo muito grave e faz perder a confiança das pessoas nas coisas e quando não há confiança as pessoas mobilizam-se", afirma o reitor da UP.

Mobilizadas pelo presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, meia centena de personalidades da cidade estão reunidas num hotel por causa da difícil situação financeira da Sociedade Reabilitação Urbana, a quem o Estado deve 2,4 milhões de euros. Rio escreveu uma "Carta Aberta ao Governo de Portugal", que recolhe contribuitos de muitas dezenas de notáveis da cidade, acusando o Governo de não assumir os seus compromissos e de não ter estratégia nem visão.

O bispo do Porto, Manuel Clemente, os padres Lino Maia e Jardim Moreira, vários-ministros, como Arlindo Cunha, Valente de Oliveira, Miguel Cadilhe, entre outros, assinaram a carta, que tem comoprimeiro subscrior Alberto Amaral, antigo reitor da Universidade do Porto. Os empresários Américo Amorim, Belmiro de Azevedo e Ludgero Marques, também se associaram ao movimento, que conta igualmente com a colaboração de Manuel Sobrinho Simões, Miguel Veiga, Fernando Gomes, Álvaro Castello-Branco, Azeredo Lopes, João Proença, Francisco Laranjo, Manuel Ferreira de Oliveira, Hélder Pacheco, Germano Silva, Carlos Abrunhosa de Brito, Rui Nunes, Fernanda Menezes, Sebastião Feio de Azevedo, Miguel Pereira Leite, Rosário Gamboa, Carlos Loureiro, Olímpio Bento, entre muito soutros.

Para além de Rui Rio e de Marques do Santos, na mesa está também o antigo presidente da Câmara do Porto, Aureliano Veloso. Fernando Gomes, que antecedeu o autarca do PSD na presidência da autarquia portuense, não está na reunião, mas se estivesse estaria também sentado ao lado de Rio.

Marques dos Santos, que acusou o Governo de estar a "maltratar o trabalho de recuperação da SRU", justificou o envolvimento da UP nesta iniciativa, afirmando que a "Universidade do Porto é uma "entidade importante"  e como tal tinha que se associar. "A atitude é fundamental para marcar posição", disse Marques dos Santos, manifestando, todavia, alguma incerteza relativamente à receptividade que a carta vai ter da parte do Governo.

"Vivemos um momento em que parece que está tudo formatado e tudo decidido, sem grande diálogo", declarou o reitor, fazendo alusão ao facto de no ensino superior as "coisas também aperecerem feitas" e o "Estado ser também incumpridor".

Já o ex-ministro das Finanças, Miguel Cadilhe, disse aos jornalistas ser "inadmissível o que a Administração Central está a fazer à SRU". Signatário desde o primeiro momento da carta aberta ao Governo, revelou que ajudou a arquitectar em 2002 o decreto-lei que é a lei quadro das sociedades de reabilitação urbana  e que ajudou a "erguer esta sociedade". "Acho que ela tem feito um bom trabalho. A reabilitação urbana do Porto está aí para a vermos. É um processo muito gradual e demora muitos anos mas já começámos e temos já obra para mostrar", afirmou o ex-ministro das Finanças.

 

 

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