Reformados europeus apostam na compra de casas na Baixa de Olhão

Além dos atractivos do Algarve, esta chegada de reformados a Portugal também se explica com a introdução de isenções fiscais nas reformas.

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Miguel Madeira

Cidadãos reformados europeus estão a comprar casas na Baixa de Olhão a preços reduzidos e a restaurá-las, uma tendência que está a mexer com a economia local e a dar vida ao coração da cidade piscatória.

Foi amor à primeira vista que o francês Jean-Louis Pallanca sentiu ao poisar o pé no porto de Olhão depois de uma viagem em veleiro desde França.

Depois conquistaram-no também o sol, o mar, o peixe fresco, o mercado, o ambiente de uma cidade viva todo o ano, mesmo de inverno, e que não vive apenas do turismo.

Olhão tem todos os ingredientes apreciados pelo casal Pallanca, que decidiu comprar duas casas na Baixa.

A primeira, para viver, está no coração da cidade piscatória, custou 100 mil euros e tem vista para a Ria Formosa, garagem para o barco e três quartos.

A segunda casa, que custou 50 mil euros, está a ser restaurada porque “é muita antiga”, explica Jean-Louis Pallanca, 66 anos, médico naturopata reformado, que acaba de lançar em França o livro “Hereuxe si je veux c’est possible”.

O casal francês admite que as casas de Olhão estão hoje a um “bom preço para os franceses”.

Da mesma opinião é Will Davies, britânico de 66 anos que está a viver em Olhão há seis meses com a mulher, Jackie, após a compra de uma casa na Baixa por 130 mil euros.

Will conta que se apaixonou pela cidade porque lhe faz lembrar a vila onde nasceu, no sul do País de Gales.

“A luz do sol é encantadora, absolutamente adorável”, constata Will Davies, antigo empresário e agora reformado, que optou por comprar casa em Olhão por causa do clima, da boa comida, dos habitantes e da segurança.

Will comprou casa em Outubro passado e está a “amar cada minuto” de viver em Olhão, mostrando-se “muito contente” com o preço da casa e perspectivando viver “todo o ano” na cidade à beira ria, porque a decisão tomada foi a de se mudarem permanentemente.

“Espero viver aqui pelo menos dez anos, se Deus me deixar ficar esse tempo todo”, diz, optimista e lançando uma gargalhada.

A gerente da imobiliária Top Marques vendeu nos últimos três meses 15 casas na Baixa de Olhão. A maioria dos compradores é reformada. Vieram de Inglaterra e França, mas também da Alemanha, Dinamarca e Finlândia.

“Tenho a certeza de que eles [os estrangeiros] também vêm pelos bons preços que temos aqui em Olhão”, sustenta Elsa Marques, referindo que a maioria das casas da Baixa tem preços “abaixo dos 100 mil euros”.

A tendência, justifica, explica-se com a publicidade que a abertura de um hotel de cinco estrelas em Olhão fez da cidade.

“É tão típica, é uma cidade que ainda tem coisas antigas […], a maioria das casas aqui são quase todas de antes de 1951 e isso também faz a diferença para os estrangeiros, que gostam de sentir que estão a comprar algo histórico”, refere, sustentando que o fenómeno “só está a começar” e que “vai continuar”, porque em Olhão há tudo para os estrangeiros viverem bem a preços mais baixos do que nas suas terras.

A preferência pelo centro está também relacionada com o facto de muitos não terem carros. Alguns compram barcos para ir visitar as ilhas da Ria Formosa, acrescentou a gerente da imobiliária, referindo que estes reformados europeus estão a renovar o património de Olhão, optando pelo restauro e nunca pela demolição.

Esta chegada de reformados a Portugal também se explica com a introdução de isenções fiscais nas reformas.

A nova lei, que permite a isenção fiscal durante dez anos para as pensões de reforma de cidadãos estrangeiros que residam em Portugal há mais de 183 dias, é um factor essencial para a nova vaga de imigrantes reformados, conta Reinaldo Teixeira, da imobiliária Garvetur, sediada no Algarve.

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