PSD-Lisboa quer saber quanto vai custar o desvio dos resíduos para a Tratolixo

Vereador da Higiene Urbana diz que o prejuízo foi causado pelo Governo. "Teremos muito gosto em enviar-lhe a conta", afirmou.

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Tratolixo recebeu pedido de autorização para depositar mais de 2000 toneladas de lixo recolhido em Lisboa Enric Vices-Rubio

O presidente da concelhia do PSD-Lisboa, Mauro Xavier, criticou nesta quinta-feira a decisão da Câmara de Lisboa de ir depositar o lixo da cidade na Tratolixo, devido à greve na Valorsul, e quer saber quanto é que isso vai custar aos lisboetas.

"A Valorsul está a cumprir os serviços mínimos, mas a câmara decidiu não enviar o lixo" para a empresa, afirmou à Lusa Mauro Xavier. "Queremos saber quanto vai custar esta quebra de contrato [de exclusividade com a Valorsul] e quanto vai custar aos lisboetas a Tratolixo durante estes dois dias [quarta e quinta-feira]", acrescentou.

O presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, anunciou nesta quarta-feira que enviou os camiões carregados com resíduos recolhidos no concelho desde segunda-feira, dia em que começou a greve dos trabalhadores da Valorsul, para serem despejados no ecoparque da Tratolixo, em Trajouce (Cascais), alegando que os veículos não conseguiram entrar nas instalações da Valorsul em S. João da Talha (Loures). "Não estão a ser cumpridos os serviços mínimos", afirmou o autarca numa conferência de imprensa, acusando a Valorsul de mentir ao divulgar que tem estado a receber resíduos.

Nesta quinta-feira, o presidente da concelhia do PSD-Lisboa defendeu que a câmara devia "respeitar o direito à greve" porque a Valorsul "está a cumprir os serviços mínimos". "Se os serviços mínimos estão a ser cumpridos, qualquer situação de saúde pública está assegurada. Esta situação não tem comparação com a greve de 15 dias em Lisboa no período do Natal", afirmou.

Mauro Xavier considerou também que António Costa "está mais interessado em fazer oposição ao Governo do que em governar a cidade de Lisboa" e lembrou que o presidente da câmara "não é o líder da oposição do PS contra o Governo".

EGF acusa CML de violar contrato
Nesta quinta-feira, o vereador da Higiene Urbana na Câmara de Lisboa, Duarte Cordeiro, reiterou que a Valorsul não está a cumprir os serviços mínimos, pelo que foi necessário encontrar uma solução para o lixo da cidade "numa lógica de evitar uma situação de saúde pública no concelho".

Duarte Cordeiro disse ainda que esta greve não é comparável à dos trabalhadores da recolha do lixo em Dezembro. "Nessa altura, a entidade patronal era a CML. Tivemos de nos circunscrever aos serviços mínimos, senão estaríamos a violar a lei da greve. Não havia obstáculo na entrega, era na recolha. Hoje o problema é a entrega. Só por desconhecimento da totalidade da informação é que compreendemos essa posição do PSD", disse o vereador.

Ao final de quarta-feira, a Empresa Geral de Fomento (EGF) - a sub-holding do grupo Águas de Portugal para o sector dos resíduos, cuja privatização foi aprovada no final de Janeiro pelo Conselho de Ministros e já promulgada pelo presidente da República - acusou António Costa de estar a violar o contrato de concessão celebrado entre a Valorsul e o município, quebrando a cláusula da exclusividade.

Duarte Cordeiro rejeitou esta acusação e disse não ter "ainda noção" de quanto vai custar a deposição do lixo na Tratolixo. "Vai depender da quantidade de lixo depositado. Mas este prejuízo foi causado pelo Governo e temos muito gosto em enviar-lhe a conta", acrescentou.

António Costa não explicou ontem quantos camiões seriam despejados na Tratolixo. O presidente do Conselho de Administração desta empresa, João Dias Coelho, disse à Lusa que o município pediu autorização para depositar mais de 2000 toneladas de lixo, transportadas por 230 camiões.

Os trabalhadores da Valorsul estão em greve até esta quinta-feira, em protesto contra a privatização da EGF, que resulta indirectamente na alienação da participação do Estado (que é o accionista maioritário) na Valorsul. Na quinta-feira, António Costa reafirmou que está solidário com os funcionários e ameaçou denunciar o contrato que tem com a Valorsul caso avance a privatização.

Para esta quinta-feira à tarde está marcada uma conferência de imprensa na Câmara de Loures, outro dos 19 municípios da região da Grande Lisboa e do Oeste servidos pela Valorsul. O presidente da câmara, Bernardino Soares (CDU), vai falar sobre a promulgação da privatização da EGF, publicada esta quinta-feira em Diário da República.

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