PS diz que reabilita Mercado do Bolhão com sete milhões, Rio prepara intervenção

Orçamento da Câmara do Porto tem 735 mil euros inscritos para obras no mercado, que servirão para "lavar a cara" do espaço, com a retirada das escoras e pintura. Município decide em Janeiro se obra avança.

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Mercado é muito procurado também por turistas, que o encontram sempre com escoras Paulo Pimenta

Falta menos de um ano para as eleições autárquicas e o Mercado do Bolhão volta a ser o centro das atenções no Porto. Nesta terça-feira, quase à mesma hora em que Luís Filipe Menezes, o candidato do PSD à Câmara do Porto, prometia em Gaia que faria do mercado um símbolo de desenvolvimento da cidade em apenas dois anos, a vereação socialista portuense garantia que seria possível reabilitar o Bolhão com "seis ou sete milhões de euros".

Já o presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, anunciou uma "lavagem de cara" do mercado já para Fevereiro se, entretanto, ficar claro que não haverá financiamento comunitário para o projecto de reabilitação.

No dia em que o executivo da Câmara do Porto aprovou o Orçamento para 2013, o Bolhão voltou ao centro do debate político pela mão do PS, que propôs que parte das verbas reservadas para a reabilitação da Avenida da Boavista (cerca de três milhões de euros) fosse reafectada ao mercado do centro da cidade. Isto porque, garantiu o vereador Correia Fernandes aos jornalista após a reunião, "é possível reabilitar o Bolhão com seis ou sete milhões de euros".

Das reuniões com os responsáveis da Direcção Regional de Cultura do Norte (DRCN) - organismo que está a elaborar o projecto de reabilitação do mercado -, os socialistas saíram convencidos que as duas caves previstas no projecto representam "cerca de um terço" do custo total previsto, na ordem dos 20 milhões de euros. A sugestão de Correia Fernandes é que se desista das duas caves e se repense a cobertura idealizada. "[A maioria camarária] admitiu que o estacionamento, na segunda cave, será dispensável, ficando por verificar se o mesmo acontece com a primeira, onde ficará o apoio técnico", explicou.

O vereador, e também arquitecto, defende que seria possível colocar o apoio técnico ao mercado no piso térreo, uma vez que a proposta da DRCN para o Bolhão contempla apenas 230 lugares de venda. Já sobre a cobertura, garante, seria possível optar por outra solução, mais barata.

Numa rara declaração aos jornalistas, no final da reunião de câmara, Rui Rio não descartou a possibilidade de a solução defendida pelo PS vir a ser posta em prática, mas deixou claro que, a haver financiamento, prefere o projecto da DRCN. "Admito que [essa hipótese] seja uma alternativa. Se não se conseguiu fazer um projecto muito grande, como era o da TramCroNe, se, agora mesmo que está com menor dimensão é difícil, recuar ainda mais e limitando-nos a pôr o mercado como se ele tivesse acabado de ser inaugurado é uma hipótese. Mas isto implica um novo projecto, um concurso público... Isto não ficaria pronto este ano", disse.

Rio, que assume claramente que prefere o projecto actual, frisa que a decisão "é difícil", uma vez que a possibilidade de esse mesmo projecto vir a obter financiamento comunitário ainda não foi afastada. Aliás, segundo o vereador da CDU, Pedro Carvalho, deverá ser votada, hoje mesmo, na Assembleia da República, a proposta de resolução dos comunistas que defende uma candidatura do Bolhão a fundos comunitários. Ontem, Rio afirmou que "em Janeiro" irá decidir se vale a pena esperar por esses fundos, e tentar implementar o projecto em curso, ou se, em alternativa, deverá optar-se pela sugestão do PS. "Isso é mais para quem vier do que para mim", comentou.

O que estará ainda nas suas mãos é decidir como irá utilizar os 735 mil euros inscritos no orçamento do próximo ano como "intervenção" no mercado. O autarca diz que a verba foi incluída no orçamento para "lavar a cara" do Bolhão. "É uma verba que servirá para retirar os andaimes e escoras, dar uma pintadela e fazer pequenos arranjos", esclareceu. Uma obra que, se Rio assim decidir, pode avançar "logo em Fevereiro" e que, para o autarca, não faria sentido ter avançado antes. "Perguntam "por que não se fez isto antes" e eu digo que não ia deitar 700 mil euros fora, quando estava à espera de um projecto", diz.

Pedro Carvalho defende, contudo, que este anúncio de obra do presidente "parece quase um efeito eleitoral", classificando-o como "caricato". O vereador comunista admite que também prefere o projecto da DRCN à sugestão do PS, apesar de algumas reservas. "Não queremos que se entre numa espiral de discutir projecto após projecto e nunca mais saiamos disto. Mas, também é verdade, que o projecto do Igespar [DRCN] apresentar uma maior possibilidade de subversão. Com cobertura e parque de estacionamento, rapidamente se transforma aquilo num centro comercial", alertou.

Também ontem de manhã, enquanto apresentava um projecto no município de Gaia, que ainda lidera, o candidato do PSD à Câmara do Porto garantia obra no mercado. "Num ano tem que se resolver o problema do Bolhão, e vai-se resolver. Num ano arrancarão as obras de requalificação, demorarão aquilo que for, mas penso que a meio do primeiro mandato o Bolhão será já um símbolo importantíssimo do desenvolvimento da cidade", disse Menezes. Rui Rio recusou-se a comentar estas declarações. com Álvaro Vieira

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