Prova do WTCC no Porto está “temporariamente inscrita” no calendário de 2015

Câmara do Porto ainda não desistiu da realizar o Circuito da Boavista no próximo ano

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Regresso do WTCC ao Circuito da Boavista está em causa Fernando Veludo / NFACTOS

Apesar de não ter ainda financiamento garantido para as provas do Circuito da Boavista, a Câmara do Porto não põe de parte que as corridas voltem à cidade em 2015. Isto porque a própria Eurosport responsável pela organização do WTCC - World Touring Car Championship decidiu inscrever “temporariamente” a prova portuense no calendário internacional da Federação Internacional do Automóvel de 2015.

Quando o Turismo de Portugal (TP) anunciou, na semana passada, que não iria apoiar financeiramente a prova portuguesa do WTCC e a realização do Rali de Portugal, no ano em que fora anunciado o seu regresso ao norte do país, já a Eurosport decidira inscrever temporariamente a prova do Circuito da Boavista no calendário de 2015, como explicou ao PÚBLICO fonte camarária. “O prazo limite para as inscrições era 15 de Julho e, como nessa data não tínhamos garantido o financiamento, a Câmara do Porto fez o que lhe competia e comunicou ao Eurosport que não nos iríamos inscrever. Perante isto, o Eurosport podia não inscrever a prova, e nós teríamos anunciado que não ia haver Circuito para o ano, ou inscrevia provisoriamente, por sua conta e risco, sem garantir um cêntimo. E foi isso que fez”.

Depois desta decisão da organização do WTCC, o TP anunciou, no dia 24 de Julho, que não iria apoiar esta prova nem a realização do Rali de Portugal. O anúncio acabou por ser a resposta que o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, já pedira ao presidente daquele organismo, numa carta enviada a 8 de Julho. Na missiva, distribuída esta terça-feira à vereação e a que o PÚBLICO teve acesso, o autarca explicava que o município estava disposto a assumir os custos da organização do Circuito da Boavista, estimados em 2,1 milhões de euros, pelo que o que era solicitado ao TP eram 650 mil euros destinados ao pagamento “dos fees de organização exigidos por qualquer um dos promotores internacionais”.

Ao PÚBLICO, a assessoria de imprensa do município explica que estes fees não podem, contudo, ser entendidos como uma inscrição normal, já que o que estava de facto em causa era a compra de uma campanha publicitária do TP no Eurosport. “As negociações foram feitas directamente entre o Eurosport, que organiza a prova, e o Turismo de Portugal. E o que foi pedido ao Turismo de Portugal foi que comprasse uma campanha de spots publicitários no canal de televisão, no valor de 650 mil euros, e que, como contrapartida, o WTCC se manteria em Portugal”, diz.

Apesar de Rui Moreira pedir, na missiva, uma decisão “urgente”, lembrando que os prazos de inscrição estavam prestes a terminar, o TP só tornaria pública a sua decisão já a 24 de Julho. No dia seguinte, o presidente da câmara escrevia nova missiva, desta vez para o Turismo do Porto e Norte de Portugal, lembrando que o TP remetia “para as entidades regionais de turismo eventuais apoios” ao WTCC e ao Rali de Portugal. O apoio solicitado era exactamente o mesmo que fora pedido ao TP. Fonte camarária garante que, até à data, ainda não houve resposta a este pedido.

O que, de momento, não significa, para a autarquia, que o Circuito da Boavista de 2015 esteja cancelado. Por um lado, porque a câmara “continua à procura de outro tipo de financiamento”, conforme garante fonte da autarquia, por outro, porque ainda não se sabe o que irá dizer o Eurosport, no caso de o município não conseguir o apoio de 650 mil euros. “Se não conseguirmos financiamento e mesmo assim [sem o pagamento dos fees] o Eurosport disser que quer fazer a prova, óptimo”, diz a mesma fonte.

Na reunião de câmara desta terça-feira, os vereadores do PSD apelaram para que se encontre uma solução para a realização do Circuito da Boavista, afirmando que a importância do evento para a cidade “não admite discussão”. Já o vereador da CDU, Pedro Carvalho, mostrou-se preocupado por o município manifestar, de novo, a intenção de assumir os custos da organização, lembrando que, em anos anteriores, o evento “gerou prejuízos de 700 mil euros”.

Nas missivas que enviou aos responsáveis pelo turismo, Rui Moreira refere que o impacto económico das corridas na cidade ascende aos quatro milhões de euros.

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