Câmara de Coimbra recusa encerramento da Linha da Beira Alta durante as obras

Intervenção na linha da Beira Alta faz parte de um investimento de 700 milhões de euros no Corredor Ferroviário Internacional Norte.

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Maior número de paragens não altera significativamente o tempo de percurso entre Lisboa e a Beira Alta NELSON GARRIDO

O presidente da Câmara de Coimbra, Manuel Machado, invocou esta segunda-feira o caso da Metro Mondego (MM), com obras paradas há vários anos, para exigir que a circulação se mantenha na Linha da Beira Alta enquanto durar a sua modernização.

Ao intervir na reunião quinzenal do executivo, Manuel Machado defendeu que "é necessário fazer as obras", mas sem que o transporte de passageiros e mercadorias seja interrompido durante os trabalhos. O socialista Manuel Machado, que há 20 anos liderou no distrito a criação da MM, em 1996, manifestou "grande preocupação" sobre o eventual encerramento temporário da Linha da Beira Alta no período das empreitadas na ferrovia. Para o também presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses, a execução de obras no Ramal da Lousã, ao abrigo dos projectos da MM, "é uma boa lição" que não deve repetir-se com a Linha da Beira Alta.

Na semana passada, na Covilhã, o Governo anunciou que vai avançar com a intervenção com apoio comunitário no Corredor Ferroviário Internacional Norte, que inclui as linhas da Beira Alta e da Beira Baixa, um investimento que ronda os 700 milhões de euros.

As obras na linha ferroviária que ligava, desde 1906, os municípios de Coimbra, Miranda do Corvo e Lousã, no âmbito do chamado Sistema de Mobilidade do Mondego (SMM), foram iniciadas em Dezembro de 2009, em Serpins (Lousã), e a circulação de comboios parou na totalidade um mês depois.

Além da linha centenária suburbana, o projecto do metro incluía a área urbana de Coimbra, com uma ligação em "T", entre a Baixa da cidade e os Hospitais da Universidade, na zona de Celas.

As obras no Ramal da Lousã começaram por iniciativa do último Governo de José Sócrates, sem recurso a financiamento da União Europeia. Para que o metro viesse a atravessar a Baixa, foi demolida na década passada uma vasta área de antigas habitações - e encerradas ou realojadas diversas famílias e empresas - que se mantém sem requalificação, há 11 anos, na área classificada pela UNESCO, em 2013, como Património Mundial.

Apresentado em Coimbra, em 2006, pelo então ministro das Obras Públicas, Mário Lino, e pela antiga secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, actual ministra do Mar, o SMM era uma nova versão do projecto da MM e previa um sistema de metro para o Ramal da Lousã e para Coimbra.

O professor universitário Álvaro Seco, que era presidente da Metro Mondego quando as obras arrancaram, encabeçou a candidatura do PS à Câmara de Coimbra, em 2009. Em rota de colisão com o Governo de Sócrates, por este alegadamente pretender substituir o metro por autocarros eléctricos, Seco demitiu-se da administração da MM, em 2010, e veio mais tarde a afastar-se também das funções de vereador municipal.

Devido ao encerramento da ferrovia entre Serpins e Coimbra, os passageiros são transportados há mais de seis anos em autocarros que cumprem percursos aproximados ao das antigas automotoras.

Segundo diferentes estimativas, o Estado já gastou entre 100 e 150 milhões de euros em obras, salários, estudos e projectos no âmbito do SMM.

A Metro Mondego tem o Estado com accionista maioritário, integrando ainda a REFER, a CP e os municípios de Coimbra, Miranda e Lousã.

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