Posto de turismo de Vila Real foi feito mas agora tem de ser refeito

Obras obedeceram a um projecto inicial mas com a mudança da tutela, tudo mudou. Ficam as dúvidas sobre o investimento já feito.

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Todos os postos do Norte vão seguir a mesma linha, ignorando as especificidades de cada região Manuel Roberto

A medida imposta pelo Governo ao Turismo Porto e Norte de Portugal para atribuir o mesmo layout a todos os postos de turismo do Norte levou ao atraso da abertura do equipamento de Vila Real. O projecto inicial sofreu modificações que ignoram as especificidades da região transmontana, acusa Nuno Grande, um dos co-autores da primeira proposta, agora descartada, questionando o destino do investimento que já tinha sido feito.

Em 2010 foi apresentada, pelo anterior executivo de Vila Real, uma candidatura a fundos comunitários no valor de 312 mil euros, no sentido de reabilitar a Casa dos Marqueses de Vila Real para aí ser criada uma sede para o posto de turismo.. O projecto obteve um financiamento europeu de 85%. Mas a Entidade Regional de Turismo do Douro, principal promotora na altura desta iniciativa, foi oficialmente extinta em 2013 pelo Governo, passando a existir uma nova entidade de tutela: o Turismo Porto e Norte de Portugal, que é responsável por toda a área do Norte apostando numa rede de lojas interactiva.

 Face às mudanças, foi exigido um novo projecto, tanto para o mobiliário como para o layout do posto de turismo de Vila Real. Contudo, os móveis construídos segundo o projecto anterior, os móveis construídos segundo o projecto anterior, que se inspiravam nas particularidades da paisagem da região duriense e transmontana, já estavam no espaço, que só faltava inaugurar. Uma situação que se arrastou até que, no mês passado, o arquitecto Nuno Grande, co-autor do projecto de arquitectura desenhado especificamente para este espaço, ter visto o seu investimento ser “deitado fora”, quando foi chamado à autarquia para ser informado de que teria de abandonar a ideia inicial.

“A mesma autarquia que ia promover a identidade da região de Trás-os-Montes e Alto Douro vai agora embarcar num projecto que impõe um layout genérico para todo o Norte, tornando o Posto de Turismo de Vila Real idêntico a dezenas de outros no litoral e interior Norte, ignorando as particularidades do Douro”, acusou.

Para Melchior Moreira, presidente do Turismo Porto e Norte de Portugal, esta situação não é um mal maior, pois "o que faz sentido é ter um espaço amplo para as pessoas circularem, ter um posto com informação de qualidade e de acessibilidade rápida através das novas tecnologias e ligar o Douro e Vila Real ao mundo através das redes e plataformas”, adianta.

Uma das grandes preocupações de Nuno Grande é saber quem, agora, paga a construção de dois postos de turismo quando o financiamento aprovado apenas se destinava a um projecto. O presidente da câmara de Vila Real, Rui Santos, garante que “o dinheiro que vai pagar os novos móveis e aparelhos digitais da reprogramação do posto de turismo vem dos fundos comunitários dentro do orçamento inicialmente previsto”. Uma situação duvidosa, na opinião de Nuno Grande, que alega que “não é possível dizer que não se gasta mais dinheiro já que os novos móveis terão um custo não programado”, adianta. Melchior Moreira contrapõe que “não se perderão fundos comunitários pois houve uma reprogramação do investimento sem perda para a câmara de Vila Real".

Passado um ano e meio do posto de turismo ter entrado em obras, este encontra-se encerrado há cerca de dois meses e meio, com a obra parada. Segundo Nuno Grande, a autarquia de Vila Real acabou por ceder à pressão do Turismo Porto e Norte. Uma vez que a obra estava praticamente concluída, a câmara poderia ter insistido que este fosse, tal como está, “integrado na rede, à semelhança dos únicos postos de turismo já concluídos na região – os de Vila Nova de Foz Côa e Torre de Moncorvo – que seguiram uma linha própria e não cederam à uniformização”, defende.

Rui Santos, acredita que tomou a melhor opção: “Nós herdámos uma situação de transição entre aquilo que era um projecto da Entidade Regional de Turismo do Douro para aquilo que se tornou e que é agora uma obra integrada na entidade regional de Turismo do Norte, pelo que teve de sofrer as alterações que essa entidade exigiu”. E garantiu que as especificidades da região estão salvaguardadas.

Melchior Moreira, garante que o processo está agora a ser fechado com a autarquia e que está a ser feita a reprogramação da candidatura. "Dentro de dois meses pensamos inaugurar a loja”, garante. 


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