Pontos vulneráveis da costa afectados por forte ondulação

Mar galgou protecções nas praias do Furadouro, Costa da Caparica e outros pontos do país. Na Póvoa de Varzim um homem foi arrastado e ficou ferido.

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Tal como em invernos anteriores, a Costa da Caparica voltou a sofrer com a acção do mar Enric vives-Rubio

A forte ondulação que ontem se fez sentir em toda a costa portuguesa já voltou a fazer das suas em vários pontos do Continente e em São Miguel, nos açores. O Furadouro, no distrito de Aveiro, e a Costa da Caparica, no distrito de Setúbal, foram duas das zonas mais afectadas. Em Rabo de peixe, várias embarcações foram danificadas.

No norte do país a forte ondulação originou galgamentos, e a população do Furadouro, em Ovar, voltou a não ter sossego. Ao início da tarde desta terça-feira, no pico da maré, as ondas cresceram de tamanho e destruíram a esplanada e uma parte do interior de um bar que só abre na época balnear.  O mar subiu, ainda percorreu uma avenida, mas não provocou inundações nas habitações. “Os prejuízos foram apenas materiais. Com a alteração das vagas, de cinco metros, o mar saltou fora a sul da praia, na zona mais desprotegida”, conta Carlos Borges, comandante dos Bombeiros de Ovar.

O bar envidraçado, a poucos metros do mar, ficou bastante danificado. “É capaz de não ter reparação”, avança o comandante.  A zona foi isolada de forma a impedir o acesso, o local foi limpo, e a corporação de bombeiros mantém-se em alerta, embora as previsões indiquem que na próxima preia-mar vagas não sejam tão fortes. A marginal do Furadouro, que costuma sofrer os avanços do mar que em Fevereiro do ano passado derrubou parte de um muro e inundou casas e estabelecimentos comerciais, não foi afectada. Os trabalhos de protecção da costa vareira na área central do Furadouro terão feito diferença neste dia de alerta amarelo por causa da agitação marítima.

Na Póvoa de Varzim, um homem com 67 anos de idade foi esta terça-feira á tarde projectado por uma onda contra as pedras de suporte do molhe norte do porto de pesca, o que provocou diversas escoriações que foram tratadas no hospital local.  As autoridades só deram conta que o ferido estava no cais quando o viram aparecer ensanguentado depois de ter lutado contra a ondulação.

Também a meio da tarde, um catamaran francês quis aceder à marina local apesar de a barra se encontrar interdita à navegação, tal como em Vila do Conde. As manobras difíceis que teve de efectuar atraíram diversos curiosos que, ignorando as placas com avisos, invadiram o molhe sul para acompanharem o caso. O comandante da capitania e capitão do porto, Simas Silva, disse ao PÚBLICO que a Polícia Marítima foi obrigada a ordenar a retirada as pessoas que corriam o mesmo risco do sexagenário que, no outro lado do porto, foi projectado pela ondulação.

O mar chegou à Avenida dos Banhos, na marginal poveira, mas não causou danos em lojas e bares, mas, por cautela, a Câmara Municipal decidiu encerrar a via ao trânsito automóvel entre as duas e as quatro da madrugada, num novo período de pico da maré     

A sul, também na Costa da Caparica, em Almada, o mar voltou a ultrapassar o paredão – um clássico dos piores dias de Inverno – avançou pela estrada e entrou por alguns bares e restaurantes da Praia do CDS. E mais a sul ainda, em Odeceixe, no concelho de Aljezur, a maré terá danificado uma intervenção de enchimento da praia feita pelo Polis este ano.

Nos Açores, a agitação marítima causou danos em seis embarcações de pesca de pequeno porte e duas embarcações auxiliares que estavam varadas em terra no porto de Rabo de Peixe, no concelho da Ribeira Grande, informou o Governo dos Açores. Uma nota do executivo explica que ondas de quatro a cinco metros, "predominantemente de norte e com períodos de 15 segundos", galgaram o porto de pescas, na costa norte da ilha de São Miguel, provocando o alagamento de parte do terrapleno da infraestrutura. Com S.D.O., A.T.M. e Lusa

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