PJ detém três suspeitos de atearem incêndio que destruiu armazéns em Gaia

Incêndio consumiu uma carrinha e quatro armazéns em Serzedo. Pai e filho, que ficaram em prisão preventiva, assaltavam casas e armazéns há vários anos, com a ajuda de um cúmplice, para financiarem consumo de heroína e cocaína.

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Ricardo Castelo/NFactos

A Polícia Judiciária (PJ) anunciou nesta quarta-feira que deteve três homens “fortemente indiciados” pela autoria do incêndio que acabou por destruir quatro armazéns na zona industrial de Serzedo, Gaia, a 23 de Março. O fogo resultou do furto de metais seguido de actos de vandalismo.

Segundo a PJ, os três homens, que foram detidos ao final da tarde de terça-feira, têm 24, 37 e 46 anos. Dois deles não têm ocupação laboral e o terceiro é serralheiro. São suspeitos de furto e de atearem um incêndio numa carrinha funerária, que se propagou a quatro armazéns industriais.

Fonte da PJ disse ao PÚBLICO que o jovem de 24 anos é filho do outro detido de 46 anos e que há muito tempo que se dedicavam a assaltar residências e complexos industriais de onde furtavam metais que depois vendiam em armazéns de sucatas. Actuavam sempre em Gaia e o dinheiro que conseguiam com os furtos servia para financiar a compra de droga. Estes dois detidos são toxicodependentes - consumidores de cocaína e heroína - e já tinham antecedentes criminais por furto e consumo de estupefacientes.

Pai e filho foram detidos junto à sua habitação em Oliveira do Douro, Gaia. No momento da detenção, tentaram, sem sucesso, escapar. Os dois suspeitos viveram em tempos no  Bairro Eusébio, perto dos armazéns que assaltaram em Serzedo, o que ajudou a PJ a reconstruir o seu percurso e a seguir-lhes mais rapidamente o rasto.

O terceiro cúmplice, de Espinho, era quem conduzia o carro que os esperava no exterior dos armazéns destruídos pelo fogo e está referenciado por um crime de abuso sexual recente.

A PJ contou com a colaboração do sucateiro a quem os detidos haviam vendido o material furtado nos armazéns. Este, contudo, não se encontra indiciado pelo crime de receptação porque registou a compra e desconhecia que o material era proveniente de furto.

Pai e filho, indiciados por furto qualificado e incêndio, ficaram em prisão preventiva depois de serem inquiridos por um juiz no Tribunal de Instrução Criminal do Porto. Já o outro detido ficou sujeito a apresentações semanais no posto de polícia local.

Já estavam a ser investigados pela GNR

Uma vez que os três homens actuavam em Gaia há vários anos, estavam já referenciados pela GNR que os investigava há algum tempo pelo crime de furto.

A polícia apreendeu ainda o Opel Astra que usaram para fugir após saírem do armazém de Serzedo onde entraram “através de escalamento e arrombamento”, diz a PJ em comunicado.

Tal como o PÚBLICO já noticiou, os assaltantes terão entrado pelas traseiras depois de terem partido um vidro e cortado uma barra de protecção de uma das janelas. Furtaram as torneiras, os cilindros e os chuveiros do armazém, que tirando isso estava vazio — o que os terá surpreendido.

“De seguida, presumivelmente com recurso a um isqueiro, atearam fogo directamente num veículo automóvel que aí se encontrava estacionado [uma carrinha funerária], o qual foi totalmente consumido pelas chamas, vindo o incêndio a assumir grandes proporções, propagando-se a outros armazéns dessa zona industrial e culminando com a destruição total de vários edifícios contíguos e dos bens móveis aí existentes”, escreve a PJ.

Não têm ligações com os responsáveis pelo incêndio na Conforama

Na altura, a PJ disse ao PÚBLICO que acreditava que os suspeitos incendiaram o veículo para apagar eventuais vestígios que permitissem a sua identificação, uma vez que teriam vasculhado a carrinha à procura de qualquer peça de valor.

Após este incêndio — que se seguiu a outro na Conforama, em Gaia, que teve também origem criminosa —, o presidente da câmara convocou o conselho municipal de segurança. A PJ assegura que não existe qualquer ligação entre estes detidos e os elementos do grupo - que se encontram em prisão preventiva - já detido pelo incêndio da Conforama, apesar do quadro de vandalismo ser igual.

(Notícia actualizada às 21h51 com as medidas de coacção a que ficaram sujeitos os detidos)

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