Petição pública sobre futuro do Teatro Municipal do Porto arranca com mais 300 assinaturas

Subscritores exigem um teatro plural, captador de públicos e sujeito à mediação de um "conselho consultivo".

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Foi colocada na internet, nesta quarta-feira, uma petição pública que congrega um conjunto de ideias sobre o futuro do Teatro Municipal do Porto – Rivoli e Campo Alegre, incluindo a sugestão para que seja criado um “conselho consultivo” composto por criadores e programadores das mais diferentes áreas que estabeleçam uma ponte entre a Câmara do Porto e “a vida dos dois teatros”. A ser preparada já há algumas semanas, a petição foi agora colocada online para que todos os interessados a possam assinar e conta já com mais de 300 apoiantes.

O documento intitulado “Teatro Municipal: Que Serviço Público?” nasceu da iniciativa da cineasta Amarante Abramovici, da escritora Regina Guimarães, do sociólogo e ex-candidato do Bloco de Esquerda à presidência da Câmara do Porto, José Soeiro, e do director do Teatro Plástico, Francisco Alves. Ao PÚBLICO, Regina Guimarães explicou que o documento é apenas o ponto de partida para uma discussão mais ampla. “Queremos organizar um debate público, para o qual iremos convocar os subscritores [da petição] e todos os que estejam interessados neste tema, além, é claro, dos responsáveis pela direcção dos teatros”, disse.

Por enquanto não há data para esse encontro mas Regina Guimarães garante que ele irá acontecer “independentemente do número de assinaturas” que a petição venha a recolher. A expectativa dos promotores é que algumas das ideias lançadas no documento possam vir a cativar o futuro director do Rivoli e do Campo Alegre. “Está a decorrer um concurso público, estão a tomar-se decisões sobre os teatros e por isso, neste momento, faz todo o sentido que sejam feitas propostas. É altura de mostrar que a opinião pública está preocupada com estas questões e concretamente com alguns aspectos muito específicos. O texto não esgota todos os problemas, mas esperamos que possa lançar pistas para a discussão”, diz Regina Guimarães.

Os subscritores do documento defendem que a programação do teatro municipal terá de se distinguir pela “não submissão da programação a uma política de gosto único ou a uma lógica de rentabilidade comercial que nivelem por baixo a exigência”. E essa programação terá de ser suficientemente abrangente para ir da dança ao cinema, do teatro à literatura, acolhendo ainda vídeo, debate e reflexão política.

Os historiadores, cineastas, professores, actores ou realizadores que assinam a petição concordam, ainda, que “uma das vertentes da programação” dos dois pólos do teatro portuense deve assentar “na colaboração com as estruturas de criação e pesquisa locais” e oferecer garantias de que “os núcleos locais de produção, em todos os domínios, terão acesso aos dois teatros municipais, sem prévia censura política e segundo critérios que visem tão-só a manutenção de um cartaz de qualidade”.

As 342 pessoas que até às 17h desta quarta-feira tinham assinado o documento querem também um teatro em rede com as salas de espectáculo europeias e que os palcos do Rivoli e do Campo Alegre possam receber também “espectáculos de natureza transversal e/ou experimental; espectáculos de bolso ou de câmara; espectáculos interactivos; espectáculos de cabaret e/ou café-concerto; espectáculos para palco à italiana ou para outras configurações cénicas”.

Para que tudo isto seja possível, é necessário dotar os dois espaços de “equipas técnicas próprias de envergadura adequada”, pois só assim será possível, desde logo, cumprir o que os promotores do documento consideram ser “a condição primeira da verdadeira sustentabilidade” do teatro municipal: envolver e alargar os públicos.

Quanto ao “conselho consultivo”, os promotores defendem que este deverá ter “competência para avaliar a pluralidade e a pertinência das programações e, por outro lado, capacidade propositiva”. Esta estrutura, defendem os promotores, deveria reunir-se, pelo menos, duas vezes por ano.

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