PCP quer questionar Governo no Parlamento sobre combate ao fogo no distrito de Bragança

Este sábado, também os ambientalistas da Quercus denunciaram falhas da prevenção e do combate a este fogo que atingiu cerca de 15 mil hectares.

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O Incêndio destruiu culturas florestais importantes, entre elas de pinhal, sobro, olival e amendoal Manuel Roberto

O grupo parlamentar do PCP quer ouvir no parlamento os secretários de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural e o da Administração Interna a propósito do incêndio “de grandes dimensões”, que ocorreu esta semana no distrito de Bragança.

Os deputados do PCP querem que Francisco Gomes Silva (Florestas e Desenvolvimento Rural) e Filipe Lobo d’Ávila (Administração Interna) prestem esclarecimentos à comissão parlamentar de Agricultura e Mar. Na proposta de audição apresentada à comissão, o PCP recorda que se trata de “um incêndio de grandes dimensões no distrito de Bragança”, que já afectou quatro concelhos: Alfândega da Fé, Mogadouro, Freixo de Espada à Cinta e Torre de Moncorvo, tendo envolvido “mais de 900 operacionais, cerca de 260 veículos e 6 meios aéreos”.

“Foram já destruídas áreas florestais, culturas agrícolas, nomeadamente olivais e amendoais, pastagens e gados, estruturas de apoio à pecuária e o incêndio ameaçou populações e habitações”, lê-se ainda no documento. Segundo o sítio na Internet do projecto europeu EFFIS, que monitoriza incêndios via satélite, este, o maior de sempre no distrito, e um dos maiores de sempre no país, já consumiu quase 15 mil hectares.

Este sábado, também a Quercus exigiu que seja realizado um relatório sobre os incêndios do distrito de Bragança para “apurar responsabilidades” e lamenta a “clara falha de todo o sistema de prevenção e de combate aos incêndios”. Em comunicado emitido neste sábado, a organização ambiental refere que parte da área ardida inclui habitats considerados prioritários para a conservação.

“Sem prejuízo desta avaliação, é já evidente que estamos na presença de uma clara falha de todo o sistema de prevenção e de combate aos incêndios, em que as autoridades responsáveis demonstraram a sua total inoperância em situações deste género”, afirma a Quercus. Por isso, a organização quer saber se os municípios implementaram o Plano Municipal de Defesa da Floresta Contra incêndios, obrigatório por lei, como foi organizada a supressão do fogo nas diferentes fases e como foram definidas as prioridades de defesa em termos de habitats prioritários a salvaguardar.

A Quercus defende ainda que seja criada “uma estratégia de longo prazo com melhores políticas agroflorestais, que promova o investimento público na floresta autóctone, com recurso a diversas espécies mais resistentes ao fogo, como os carvalhos, os sobreiros e outras adaptadas ao território”.

O incêndio que deflagrou na terça-feira em Picões e Ferradosa, no concelho transmontano de Alfândega da Fé, alastrou-se de imediato aos concelhos de Mogadouro, Freixo de Espada à Cinta e Torre de Moncorvo, chegando a ter seis frentes ativas entre o Rio Douro e o Rio Sabor, tendo a última sido extinta apenas na sexta-feira de manhã.

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