Parque de Diversões de Lisboa em Monsanto

A ideia é que o parque de diversões e o teleférico sejam construídos sem encargos para a Câmara, através de concessões a privados.

Estranhamente, Lisboa não possui um parque de diversões. Na tradição das “feiras” organizadas em vários locais da cidade, foi criada no início dos anos quarenta do século passado a “Feira Popular de Lisboa”, tendo sida instalada no parque de Palhavã, onde antes tinha estado o “Jardim Zoológico” e depois o “Velódromo”.

Embora muito concorrida (tiveram lá lugar as emissões experimentais da RTP nos anos cinquenta) esteve lá pouco tempo pois foi preciso libertar aquele espaço para nele instalar a Fundação Gulbenkian.

Assim no início dos anos sessenta a “Feira Popular” mudou para Entrecampos, para o local onde até pouco tempo antes tinha funcionado o “Mercado Geral do Gado”. Contudo, como o espaço era acanhado e as instalações precárias, a “Feira Popular” entrou em decadência, acabando por ser extinta em 2003 no âmbito do negócio imobiliário de permuta de terrenos com o Parque Mayer. Desde então, Lisboa deixou de ter parque diversões.

Ora, para a valorização da cidade, Lisboa precisa mesmo de um parque de diversões; um parque com cariz moderno, como têm as grandes metrópoles por esse mundo fora. Só para comparar, Barcelona, que tem grandes semelhanças com Lisboa (Barcelona é uma cidade de colinas, junto ao mar, enquanto Lisboa, além das colinas e do mar próximo, tem à sua frente um grande estuário), tem dois grandes parques de diversões, ambos em sítios sobranceiros à cidade.

De vez em quando ouve-se falar de um novo parque de diversões em Lisboa, embora até agora de forma pouco consistente. Há tempos, falou-se em localizá-lo na Belavista, junto a Chelas, onde é habitualmente realizado o “Rock-in-Rio”, mas não houve seguimento. Também não seria um local apropriado já que, além de ser uma zona habitacional, os acessos e em particular o estacionamento, são muito deficientes. Recentemente veio o PCP com a sugestão de o instalar em Sacavém, entre a ponte Vasco da Gama e o rio Trancão, mas o local, além de excêntrico em relação à cidade, também não tem condições já que está sobre um antigo aterro sanitário e tem muitas habitações por perto. Também o ex Presidente da Câmara, António Costa, chegou a dizer que tinha uma localização em vista, mas nunca revelou qual.

Ora, o melhor local para um parque de diversões em Lisboa é, indiscutivelmente, o Alto da Ajuda, no Parque Florestal de Monsanto, onde nos anos setenta e oitenta teve lugar a “Festa do Avante”. Há ali uma grande área livre disponível (perto de cinquenta hectares no conjunto dos 900 hectares do parque florestal) e o local tem uma fantástica vista sobre a cidade, o rio e a margem sul. Será também uma grande oportunidade para dar vida àquela zona da cidade, a qual, apesar dos esforços realizados desde a sua arborização nos anos 30 e 40 do século passado (um trabalho a todos os títulos notável), nunca conseguiu ser verdadeiramente um pólo de grande atracção para os lisboetas, com vários dos seus equipamentos em estado de abandono. Além disso, não haverá problemas com o ruído já que se trata de uma zona não habitada da cidade.

Os terrenos ali são municipais e embora parte significativa daquela área esteja arborizada, a maior parte são pequenos arbustos com grandes clareiras, pelo que a sua ocupação será perfeitamente compatível com o novo uso. De referir ainda que a instalação dos equipamentos de diversão, restaurantes, etc., bem como dos parques de estacionamento irá ocupar menos de um quarto daquela área disponível. O próprio anfiteatro Keil do Amaral, ali construído recentemente, ficaria naturalmente integrado no espaço do parque de diversões.

Quanto às acessibilidades, elas são do melhor possível, já que aquele local fica ladeado por grandes eixos viários, como sejam os acessos à ponte 25 de Abril, a auto-estrada A5 e a CRIL, além do acesso directo através de várias artérias vindas dos bairros das redondezas, ou que cruzam o parque florestal.

Estas acessibilidades serão ainda muito valorizadas se forem complementadas com um modo de transporte, que é comum para acesso directo a locais acidentados, mas que em Lisboa tarda em ser usado com esse objectivo: o teleférico.

O teleférico para o Parque de Diversões de Monsanto deverá ter duas linhas, uma sobre o vale de Alcântara, dirigida ao centro da cidade, às Amoreiras, com cerca de dois quilómetros de extensão e a estação junto ao reservatório da EPAL, e outra dirigida à parte baixa da cidade, a Alcântara-mar, com cerca de dois quilómetros e meio de extensão e a estação na praça em frente à Gare Marítima de Alcântara.

A ideia é que o parque de diversões e o teleférico sejam construídos sem encargos para a Câmara, através de concessões a privados. Candidatos, não irão faltar.

Maior visão e mais arrojo precisam-se em Lisboa.

Engenheiro civil

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