Câmara que fechar parque de campismo de Faro

Câmara quer encerrar a infra-estrutura municipal, invocando falta de segurança: “Não vamos sair”, dizem os utentes, prometendo dar luta ao poder autárquico.

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Rui Gaudêncio

O parque de campismo da praia de Faro perdeu há 12 anos o alvará, mas continua a funcionar como se fosse um condomínio fechado em terreno municipal, com 140 famílias. A câmara passou, há quatro anos, a gestão do espaço para uma Associação de Utentes, descartando-se de algumas responsabilidades. A decisão, na altura, foi justificada por uma proposta definitiva que chegaria — mas que ainda não apareceu — com o programa de requalificação da zona, a cargo da Sociedade Polis Litoral da Ria Formosa, no âmbito do programa das demolição das casas ilegais de segunda habitação.

O recente lançamento do concurso público para a construção de um novo parque de campismo, à entrada da praia de Faro, foi o pretexto para a câmara declarar o encerramento do parque alegando que o espaço é necessário para funcionar, temporariamente, como parque de estacionamento. “Não vamos sair, vamos usar todas as armas que tenhamos”, prometeu o presidente da Associação de Utentes, António Figueira, na última reunião pública do executivo, com uma sala cheio de apoiantes. Na agenda dos trabalhos autárquicos encontrava-se para ser votada a proposta de rescisão, por parte da autarquia, do contrato de comodato que tinha sido estabelecido entre as duas partes para assegurar a manutenção e gestão do espaço. No final dos trabalhos, ao fim de sete horas de muita discussão, o executivo chegou à conclusão que o melhor seria adiar a decisão para a próxima semana.

O presidente da Câmara, Rogério Bacalhau, em declarações ao PÚBLICO, lembrou o “problema da falta de estacionamento na ilha”. Com as obras da construção do novo parque de campismo, disse, a situação tende a agravar-se no próximo Verão, altura em que decorrem as obras. Por outro lado, manifesta-se “muito preocupado” com as condições de segurança do parque de campismo municipal, dada a precaridade desta infra-estrutura. O alvará foi retirado em 2003, na sequência de uma descarga de esgotos para a ria Formosa. O executivo da altura decretou o encerramento alegando falta de condições de segurança, embora na prática a ordem não chegasse a ser cumprida. A proibição só foi válida para os utentes externos.

António Figueira recusa a crítica da falta de condições de utilização. Anteontem, na reunião de câmara, garantiu existirem “corredores de segurança” que poderão ser utlizados em caso de emergência. O futuro deste equipamento continua incerto. A Sociedade Polis da Ria Formosa, na proposta de requalificação, chegou a admitir que o espaço poderia vir a servir para realojar os pescadores da ilha que viessem a ficar sem casa no âmbito do programa das demolições em curso. Porém, o município apresentou outra alternativa — a aquisição de apartamentos na zona de Montenegro — e o processo parou. Nesta altura as casas que estão a serem derrubadas são apenas as de segunda habitação, em zona ilegal.

António Figueira reconheceu que os utentes do parque de campismo têm má imagem na cidade por estarem a usar um espaço público em regime de exclusividade. “Somos o patinho feito, acham que estamos num condomínio fechado, mas não é isso que acontece”. Desde 2012, explicou, a pedido da câmara, o parque disponibiliza, nos meses de Julho e Agosto, 353 lugares de estacionamento automóvel ao público em geral, por ordem de chegada. Por isso, entende que a “falsa imagem” que passou para a opinião pública se deve, também, ao facto da autarquia não tornar público as actividades de âmbito social desenvolvidas pelos campistas.

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