Observatório da Biodiversidade concluído até final de Setembro em Vila Real

Projecto representa um investimento global de 1,7 milhões de euros e foi lançado em 2010 pela Câmara de Vila Real em parceria com a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

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Observatório será construído na margem deste lago na Câmpeã Rui Farinha/Arquivo

A construção do Observatório da Biodiversidade de Vila Real sofreu “um ligeiro atraso” e deverá estar concluída até final de Setembro, para revelar espécies como a borboleta azul, ameaçada de extinção, mas cuja população tem crescido no concelho.

O projecto está incluído no Programa de Preservação da Biodiversidade, que representa um investimento global de 1,7 milhões de euros e foi lançado em 2010 pela Câmara de Vila Real em parceria com a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

Com conclusão prevista inicialmente para Agosto, segundo disse nesta segunda-feira à agência Lusa o vereador Miguel Esteves, a construção do Observatório “sofreu um ligeiro atraso” e deverá estar concluída “até finais de Setembro”.

Este equipamento está a ser instalado no edifício das minas de volfrâmio, na Quintã, zona da Campeã, e custa 64 mil euros. O projecto estender-se-á a uma lagoa artificial, que começou por ser uma dissonância ambiental, mas que acabou por captar uma grande variedade de espécies, que poderão ali ser observadas.

São cerca de cinco hectares que vão funcionar como uma “montra” da biodiversidade do concelho, destacando-se a existência da drosera, uma pequena planta carnívora.

No local foram também identificados alguns ninhos de myrmica, a formiga que faz parte do ciclo biológico da borboleta azul e o que leva a supor que este lepidóptero regressou ao vale da Campeã.

Trata-se um de lepidóptero bastante frágil e com baixa tolerância a variações no ecossistema, necessitando de condições ecológicas específicas, como a planta hospedeira, a genciana (gentiana pneumonanthe), onde coloca os ovos, e a formiga do género myrmica que a alimenta no seu formigueiro durante as últimas fases larvares.

Ameaçada de extinção em muitos países europeus, esta espécie de borboleta tem crescido no Parque Natural do Alvão (PNA) e é já a maior população existente na Europa.

Esta conclusão é revelada pelo relatório do Programa de Preservação da Biodiversidade de Vila Real, através do projecto “Proteger é Conhecer”, e resulta de um trabalho de investigação coordenado pela professora da UTAD, Paula Arnaldo.

Na Holanda e no Reino Unido, por exemplo, a borboleta azul teve de ser reintroduzida.

“Portugal é uma região periférica e não havia nada em termos de conhecimento científico. Por isso este projecto de investigação permitiu-nos trazer uma série de novidades sobre a espécie, indo mais além do que está registado, como por exemplo: quantas borboletas voam, quantos ovos põem, qual a formiga que a transporta”, afirmou Paula Arnaldo.

No âmbito desta investigação verificou-se que, em 2006, havia 294 borboletas no Alvão; em 2011, no mesmo lameiro, voaram 3200 borboletas azuis e; em 2012, o número total da população ultrapassou as cinco mil.
 

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