Obras na Escola Secundária de Alverca podem ficar mais dois anos paradas

Já se gastaram perto de 10 milhões de euros, mas as obras de remodelação e ampliação efectuadas pela Parque Escolar na Secundária Gago Coutinho de Alverca ainda não serviram para nada. Suspensas desde 2011, vão continuar paradas pelo menos até 2016, segundo informou agora o Ministério da Educação

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Algumas obras ficaram a meio, outras estão prontas mas os novos espaços não podem ser utilizados DR

O Ministério da Educação reconhece, em carta dirigida, na semana passada, à Escola Secundária Gago Coutinho de Alverca que as obras de remodelação e ampliação do estabelecimento vão ficar paradas pelo menos por mais dois anos.

Em Maio ainda se reacendeu a esperança de alunos, pais e professores, quando o ministro Nuno Crato afirmou que a secundária de Alverca deveria ser uma das 16 empreitadas da empresa pública Parque Escolar que seriam retomadas rapidamente. A informação constante do ofício agora recebido, que aponta para mais dois anos de paragem das obras, caiu como um balde de água gelada fria na escola, frequentada por cerca de 1200 alunos.

Iniciados em 2010, os trabalhos de renovação da Secundária Gago Coutinho estavam orçados, segundo a Parque Escolar, em cerca de 18 milhões de euros. As obras seguiram a bom ritmo, foram gastos perto de 10 milhões e, em Junho de 2011, o novo Governo – PSD e CDS-PP já contestavam anteriormente os alegados gastos “descontrolados” da Parque Escolar – suspendeu todas as empreitadas desta empresa criada por um dos governos de José Sócrates.

No caso de Alverca, o arrastar da suspensão levou mesmo o empreiteiro a colocar a Parque Escolar em tribunal por alegado incumprimento nos pagamentos. 

Certo é que, desde então (a obra já arrancou há quase cinco anos), alunos e professores estão impedidos de frequentar uma área de quase metade do espaço da escola, onde há edifícios novos praticamente concluídos e outros ainda a meio, com paredes inacabadas e ferros retorcidos.

Para quem passa na vizinha Avenida Vilar Queiróz, o paredão dos novos edifícios escolares é imponente, quase parecendo uma das faces do Centro Cultural de Belém, mas, no interior do estabelecimento, alunos e professores dizem que estão, agora, pior do que estavam antes do início das obras.

Os responsáveis da escola e os autarcas locais têm defendido mesmo que seria possível utilizar áreas já concluídas como os novos balneários e as oficinas de informática, mas a Parque Escolar não o permite, porque todo o processo da obra está em tribunal e a empreitada não pode ser fraccionada.   

Fernando Paulo Ferreira, vice-presidente da Câmara de Vila Franca de Xira e responsável pelo pelouro da Educação, deu a “má notícia para o concelho” aos seus pares vereadores na última reunião do executivo. O autarca do PS observou que a carta recebida pelos agentes educativos da Gago Coutinhop explica que as obras não poderão ser retomadas antes de 2016.

Depois de múltiplos contactos com a Direcção-Geral de Equipamentos Escolares e com a Parque Escolar, a câmara manifestara, em Maio, a sua satisfação pela notícia de que as obras da Secundária Gago Coutinho seriam retomadas em breve. Agora, Fernando Paulo Ferreira lamenta mais este retrocesso e diz que a câmara vai pedir nova reunião à Parque Escolar.

O autarca mostra-se, igualmente, preocupado com a situação de outras duas escolas secundárias do concelho (Alves Redol de Vila Franca e Forte da Casa) que “nunca tiveram obras mas estão a precisar”.

Trata-se de "uma má notícia que é uma reiterada prova da falta de respeito do Governo pela comunidade educativa do concelho de Vila Franca de Xira”, sublinha, por seu turno, Nuno Libório, vereador da CDU, a propósito da situação da Secundária de Alverca. “Foram-nos dadas informações que preconizavam o retomar dos trabalhos no mais curto espaço de tempo. Infelizmente não foi bem assim. O que constatamos é uma deliberada falta de respeito pelos que utilizam aquele equipamento”, rematou Nuno Libório.

A empreitada lançada em 2010 previa obras de 18 milhões de euros, com a construção de novos edifícios na zona envolvente da escola, que incluíam oficinas de electricidade e mecânica, salas de informática, balneários, refeitório e várias salas de aula. Posteriormente, parte das turmas deveriam ser transferidas para os novos edifícios, de modo a que os antigos fossem completamente reabilitados, ficando o estabelecimento com salas para 48 turmas.

 Alterações ao projecto
Em Junho, em resposta à deputada comunista Rita Rato, já o gabinete do ministro Nuno Crato referira que a Parque Escolar estava a elaborar uma proposta para revisão do projecto da Escola Secundária Gago Coutinho, que “aponta para uma redução da área bruta de construção de, aproximadamente, 16.000 m2 para 14.000 m2, implicando também uma redução significativa do custo da empreitada”.

De acordo com o Ministério da Educação, essa redução da área de construção proposta seria analisada com a escola, mas não reduziria a capacidade do estabelecimento, permitindo até ampliar o número de turmas. A sua execução obrigará, todavia, adiantava o ministério, ao “lançamento de um novo concurso público para contratação da execução dos trabalhos necessários à conclusão da empreitada de requalificação”.

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