O “terror do Arnal” enforcou-se na cadeia de Bragança

Homem estava em prisão preventiva depois de ter alegadamente assassinado um vizinho em Novembro.

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Homem estava a aguardar julgamento em prisão preventiva Paulo Pimenta/Arquivo

Avelino Martins, conhecido como o “terror do Arnal”, uma aldeia do concelho de Carrazeda de Ansiães, morreu neste sábado enforcado na cela da cadeia de Bragança onde aguardava julgamento em prisão preventiva, depois de ter confessado a morte de um habitante da aldeia com 57 facadas.

Segundo disse ao PÚBLICO fonte dos serviços prisionais, o detido, que estava a receber acompanhamento psiquiátrico, utilizou os lençóis da sua cama para pôr fim à vida, por volta das 13h.

Aos 29 anos, Avelino Martins tinha um historial de ofensas e agressões que levou a população da aldeia a promover um abaixo-assinado, entregue à GNR em Outubro, que o encaminhou para o Ministério Público.

Na altura, temia-se que acontecesse uma tragédia devido às constantes ameaças e insultos sobre alguns dos habitantes. A tragédia acabou por acontecer a 11 Novembro: Avelino Martins é suspeito de ter assassinado um vizinho com 57 golpes de uma faca de matar porcos (mais comprida do que as facas de cozinha).

Natural de Mem Martins, em Sintra, Avelino chegou a esta aldeia transmontana, onde vivem cerca de 80 pessoas, com um longo cadastro de crimes, sobretudo de ofensa contra o património. Em Outubro, terá agredido um vizinho idoso, que foi parar ao hospital com uma perna partida. O homem terá também agredido militares da GNR que o abordaram noutra situação.

Na aldeia, o povo cansou-se das constantes ameaças – “passava a vida a dizer que ia matar alguém” – e pediu às autoridades que agissem. Um mês depois, a 11 de Novembro, Vítor terá assassinado um vizinho, de 57 anos, “num quadro de grande violência”, descreveu, na altura, a GNR.

O homem andou, depois, seis quilómetros a pé até se entregar à GNR de Carrazeda de Ansiães. A Polícia Judiciária confirmou, na altura, em comunicado, que o indivíduo tinha um "histórico de inúmeras manifestações de agressividade física e psicológica sobre os habitantes da aldeia de Arnal".

Por haver receio de que pudesse tornar-se perigoso para os outros reclusos da cadeia de Bragança, estava a receber acompanhamento psicológico. Até ao momento não tinha havido qualquer atitude que fizesse antever este desfecho.

O corpo foi encaminhado para a morgue do hospital de Bragança, onde será autopsiado.

É o segundo caso de suicídio neste estabelecimento prisional em menos de um ano depois de, em Maio, um homem de 66 anos, suspeito de ter sido o autor de vários disparos contra um automobilista em Bragança, também se ter enforcado, mas com um cinto.

Notícia corrigida às 17h de 10/03: o homem chamava-se Avelino, não Vítor. Corrige no primeiro parágrafo o número de facadas

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