O próximo Imaginarius tem rock convulsivo, punk filarmónico e teatro no céu

Festival Internacional de Teatro de Rua de Santa Maria da Feira acontece a 22 e 23 de Maio com 250 artistas de 19 países e 49 projectos artísticos

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Na cozinha improvisada do holandês Bram Graafland há um teclado dos anos 70 e ele promete dar música e confeccionar pratos DR
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Muaré, o espectáculo da companhia Voalá, é um dos destaques da programação oficial com teatro aéreo DR

A 15.ª edição do Imaginarius – Festival Internacional de Teatro de Rua de Santa Maria da Feira constrói-se numa filosofia circular não fechada, mas sim numa perspectiva de abertura ao mundo, centrada na multiculturalidade e que quer estabelecer pontes de diálogo com a cultura, a criatividade, o património natural e edificado no maior equipamento à disposição da arte, isto é, nas ruas.

O cartaz está fechado com 250 artistas de 19 países, 49 projectos artísticos, 14 estreias absolutas e 17 estreias nacionais, 172 performances, nove residências artísticas, 26 horas de programação. O próximo Imaginarius, que acontece a 22 e 23 de Maio, está mais concentrado no centro histórico de Santa Maria da Feira, onde tudo pode acontecer. Haverá música capaz de confeccionar pratos, uma residência artística sem paredes e à disposição de todos os olhares, ruas que se transfiguram, performances aéreas, espectáculos pensados para os mais pequenos, uma competição de artistas emergentes, uma lanterna gigante que dará luz no mercado municipal que terá uma feira de artesanato urbano e de artigos em segunda mão. Não há entradas pagas e está confirmada a presença de directores artísticos dos mais importantes festivais de artes de rua da Europa. O orçamento é de 225 mil euros.

O espaço público estará à mercê da imaginação dos artistas. Nesta parte não há alterações, mas a próxima edição tem novidades. Uma delas é que passará a ter um convidado especial, um artista nacional com direito a visibilidade máxima no alinhamento. Este ano, as honras cabem aos portugueses da Fanfarra Kaustika conhecida pelo seu estilo cáustico, pelo punk filarmónico, pelas abordagens arrojadas. Pela primeira vez, o Mais Imaginarius assume um papel principal e entra na programação oficial e surge o Imaginarius Off que disponbiliza o espaço público aos artistas de rua interessados em mostrar os seus projectos.

Muaré, o espectáculo da companhia Voalá, que tem um pé em Espanha e outro na Argentina, é um dos destaques da programação oficial com teatro aéreo que se alimenta da música e dos efeitos visuais e que acontece num ambiente psicadélico e de rock “convulsivo” que promete abanar o céu mais próximo com 12 performers durante 50 minutos. De Espanha chega uma orquestra nada convencional com músicas especiais para criar um pequeno mundo onde nada parece fazer sentido. E assim nasce Marabunta que é música e é clown, é loucura e confusão com classe. Na cozinha improvisada do holandês Bram Graafland há um teclado dos anos 70 e ele promete dar música e confeccionar pratos. The Yelling Kitchen Prince tem então teatro e clown, música e comida. A companhia de dança All About Dance, de Santa Maria da Feira, volta ao Imaginarius com versões recauchutadas de sons, imagens, estilos de dança da América Latina. Em Tuki – We Are From The Wood, há matérias-primas recicladas, transformadas, apropriadas. Estes são alguns dos espectáculos que constam no cartaz.

“O festival vive da dualidade entre o popular e o cosmopolita”, sublinha Gil Ferreira, vereador da Cultura da Câmara da Feira, na apresentação do Imaginarius esta quarta-feira à tarde. Há desafios que são lançados e as sementes podem crescer. Criativos e companhias locais apresentaram propostas e algumas foram incluídas no programa. “A política cultural não é uma página isolada de um livro, é um conjunto de páginas que fazem sentido entre si”, refere o vereador.  Bruno Costa e Daniel Vilar, directores artísticos do Imaginarius, destacam a perspectiva aberta ao mundo, até porque algumas das criações do Imaginarius circularão pela Europa, e uma componente interactiva que possibilita a quem assiste entrar nas performances. Para, explicam, “viver o espectáculo como sendo um artista”. O presidente da Câmara da Feira, Emídio Sousa, vê no Imaginarius uma marca do território conhecida no país e não só. “O nosso mercado é o mundo inteiro e o Imaginarius atingiu uma dimensão óptima e ambiciosa”, diz, acrescentando que “o envolvimento da comunidade é brutal”.

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