Novos horários da CP contestados em Vila Franca de Xira

Câmara insurge-se contra redução do número de comboios para Lisboa e de Lisboa para o concelho.

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O transporte de bicicletas só é permitido nos comboios regionais e desde que o revisor entenda que há espaço suficiente Paulo Ricca (arquivo)

Os novos horários que a CP adoptou, a partir de 14 de Junho, na Linha Sintra/Lisboa/Azambuja, estão a gerar descontentamento no concelho de Vila Franca de Xira.

O presidente da câmara já classificou de “inaceitáveis” algumas das mudanças e reduções de comboios introduzidas e escreveu ao presidente da CP, reclamando a revisão das medidas tomadas.

A oposição camarária também protesta, com a CDU a afirmar que estas opções serão fruto da falta de investimento na reparação de material circulante, que leva a que a empresa tenha muitos equipamentos nas oficinas à espera de reabilitação. 

Alberto Mesquita, presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, enviou, no dia 16, um ofício ao presidente da CP, em que afirma que as alterações agora introduzidas “reduzem a mobilidade ferroviária dos cidadãos que residem e/ou trabalham no concelho de Vila Franca de Xira, em especial na cidade de Alverca e na vila da Castanheira do Ribatejo” e que estes últimos são “severamente penalizados” com os novos horários.

O autarca socialista manifesta a discordância do município com as alterações efectuadas, frisando que a câmara se opõe às mesmas e que solicita a sua reanálise. “Não vemos como é possível afirmar que as alterações efectuadas induzirão uma melhor qualidade de vida aos nossos munícipes”, reage Alberto Mesquita, em resposta a um ofício em que Manuel Queiró, presidente da CP, comunicou à câmara as alterações dos horários.

“Protestamos contra estas alterações e ficamos à espera e insistimos em que haja, em tempo oportuno, outro olhar e outros horários. Ou que, pelo menos, façam alterações que não prejudiquem os utentes”, disse o autarca na última reunião camarária.  

Embora reconheça a necessidade de reduzir défices, o autarca realça o carácter social do transporte público. E lamenta que a câmara  não tenha sido chamada a dar a sua opinião prévia como terá acontecido com outras autarquias da Área Metropolitana de Lisboa. Alberto Mesquita cita vários exemplos de perda de serviços. Diz que nas ligações do terminal da Castanheira do Ribatejo a Lisboa há a supressão de um horário de segunda a sexta-feira e a eliminação de dois horários aos fins-de-semana e feriados, situação que considera “manifestamente inaceitável, porquanto nos dias mencionados passará a existir uma única ligação ferroviária por hora entre a estação da Castanheira e a Estação da Gare do Oriente”.

No anterior horário havia sete ligações de Lisboa até Alverca e cinco até Castanheira. Agora, a CP fixou seis horários até Alverca e quatro até Castanheira, sendo que, nos fins-de-semana e feriados, “passou a existir apenas um comboio por hora, quando, antes, tomando como referência a estação da Gare do Oriente, existiam dois comboios por hora a passar por todas as estações ferroviárias do concelho”.

Paulo Rodrigues, vereador da CDU, considera que, com estes horários, “há menos comboios nas horas de ponta e uma redução brutal das circulações fora das horas de ponta e aos fins-de-semana e feriados". O autarca frisou que a coligação liderada pelo PCP acompanha “integralmente” as preocupações expressas pelo presidente da câmara.

Paulo Rodrigues sublinha que estas medidas também têm a ver com “a degradação progressiva do sector ferroviário” e com “a falta de material” circulante. “Se forem às oficinas vêm ‘n’ material estacionado que não tem reparação porque, diz a CP, não há dinheiro para as reparações", afirma.

 

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