Nomas, revista grega para o mundo, com passagem pelo Porto

Depois de Istambul, o terceiro número deste projecto editorial do grego Yannys Bournias viaja pela Invicta.

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Na capa, o modelo grego Paraskevas posa num penedo, numa recriação do Adamastor DR

Na capa, o modelo grego Paraskevas Boubourakas surge em pose de Adamastor, mítica figura reinventada por Camões que o fotógrafo René Habermarcher recriou no Porto para a revista Nomas. Depois de Istambul, o terceiro número deste projecto editorial do grego Yannys Bournias viaja pela cidade com a ajuda de Siza Vieira e Miguel Veiga, do fotógrafo André Cepeda, do músico Zé Pedro, ou do escritor Valter Hugo Mãe, para levar mundo fora um olhar muito peculiar sobre um dos sítios da moda entre os viajantes, os nómadas do tempo presente.

Duas vezes por ano, a Nomas sai para a rua, para as montras de alguns dos mais selectos espaços de cultura e livrarias de vários países. E, à terceira edição, o Porto é o centro das atenções deste projecto que mistura as habituais reportagens de roteiro pelo destino escolhido com outras formas, umas mais sofisticadas, outras singelas, de olhar para ele. Na Nomas cabe um excerto da obra de John Murray, A Handbook for travelers in Portugal, do século XIX, mas cabe também uma entrevista, biográfica, com o casal Ramiro e Maria inês, que explora a Casa Aleixo, em Campanhã, lado a lado com uma receita de aletria.

Escrita em inglês – e vendida a dez libras/oito euros – a Nomas discute a arquitectura, o SAAL e o problema da habitação com Siza Vieira, explora a visão do país e as dificuldades de quem tem de escrever todos os dias, com o escritor Valter Hugo Mãe, e abre as suas páginas ao trabalho fotográfico de André Cepeda, que convive, neste campo, com os portfólios de moda que têm grande destaque neste projecto editorial, sempre em estreita relação com a cidade escolhida. As ruas do Porto são usadas pelo editor e fotógrafo Yannis Bournias como palco para apresentação das criações de vários estilistas, vestidas por Callum Rockall, e a revista fecha com outro portfólio, Sereias.

Lina Stefanoy escreve um roteiro de cinco dias pela “Cidade das Camélias”. Mas o Porto que esta Nomas viu tem ainda o filtro de Rui Moreira que, nada umbiguista, numa curta entrevista, até instiga os leitores a provarem a alentejana açorda, quando se esperaria que à pergunta “qual o seu prato favorito” respondesse um óbvio “tripas”. E leva para outras paragens o olhar apaixonado do “senador” Miguel Veiga, a cultura cinéfila, e o gosto pelo cinema documental que o Porto/Post/Doc de Dario Oliveira anda a inspirar, bem como o trabalho de um conjunto de artistas, como Nuno Ramalho, Inês D’Orey, ou Mafalda Santos, antes de uma pequena explicação sobre o que é uma “tasca”. Uma daquelas informações básicas a aprender por quem tiver que viajar para esta cidade.

Numa altura em que o destino Porto está na moda, o município aproveitou a boleia deste terceiro número da Nomas para promover, numa sobrecapa, a nova imagem gráfica da cidade. Apesar de não se tratar de uma revista de grande circulação, o público-alvo, e os espaços e cidades do mundo onde ela é distribuída fazem desta nova publicação “uma forma pouco dispendiosa de levar a marca Porto. a sítios onde ela dificilmente chegaria”, explicou o responsável pela comunicação da autarquia, Nuno Santos, satisfeito com a atenção internacional que a cidade vem merecendo, seja em publicações já de grande reputação - a Monocle, por exemplo, voltou à cidade na sua última edição  para abordar o fenómeno da gentrificação - seja em novos projectos, como este do grego Yannis Bournias.

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