No ano zero da nova Feira da Luz, os visitantes têm mais para ver

A Junta de Freguesia de Carnide organiza a feira centenária pela primeira vez, com uma aposta forte na animação e no envolvimento dos parceiros locais.

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Os feirantes começaram a instalar-se no princípio da semana Enric Vives-Rubio

Não faltam as habituais roulottes de farturas e as barraquinhas onde se vendem cães de loiça, utensílios de cozinha, móveis, artesanato, roupa ou calçado. Mas este ano a centenária Feira da Luz, na freguesia lisboeta de Carnide, tem também concertos, aulas de ginástica, um comboio turístico e até uma rádio local, entre outras iniciativas. O certame começa já neste sábado e dura um mês.

“É o ano zero da nova feira, estamos a experimentar muitas coisas”, diz Paulo Quaresma, tesoureiro da Junta de Freguesia de Carnide e presidente da comissão organizadora. A responsabilidade de organizar a feira - que é uma das mais antigas do país, com 550 anos - foi incluída no pacote de competências que a Câmara de Lisboa transferiu para a junta, no processo de reorganização administrativa, no início deste ano.

“Nos últimos tempos a feira tinha perdido fulgor e dinamismo. Há quatro ou cinco anos que não eram lançados concursos para novos feirantes”, lamenta Paulo Quaresma, lembrando que muito se falou em acabar com o evento. Quando aceitou o desafio, a junta quis manter a tradição mas também apostar em novas iniciativas e em parcerias com as instituições locais.

“Queremos mostrar que a feira tem futuro, que é possível manter o que já tínhamos e atrair novos feirantes e novos públicos”, explica o autarca. Pelo menos no que toca aos novos feirantes, o objectivo parece cumprido. Até 28 de Setembro, vão passar pelo recinto 120 feirantes e artesãos, o dobro dos que estiveram no ano passado. Alguns são comerciantes com pequenos negócios na freguesia, outros vêm de vários pontos do país.

“Os visitantes vão encontrar uma feira diferente todas as semanas”, garante Paulo Quaresma. É que embora muitos feirantes assentem arraiais durante todo o mês - os stands mais pequenos custam quase 400 euros por 30 dias -, outros ficam apenas uma semana. O orçamento total para a feira é de 150 mil euros mas o evento sai a “custo zero” para a junta, depois de pagas as taxas pelos feirantes. Os valores são os mesmos que eram pagos à câmara.

Mais animação
Os preparativos começaram em Abril mas só esta semana é que os stands de venda, bem alinhados na zona envolvente ao Jardim da Luz e à Igreja da Luz, foram sendo ocupados. Na quarta-feira, o lugar de Olímpio Ribeiro foi um dos primeiros a encher-se de estatuetas, loiças de Alcobaça e de Barcelos, e utensílios de barro. “Venho para cá há 35 anos, já vinha com o meu pai. Mas isto tem estado cada vez mais fraco”, diz o comerciante, enquanto esvazia os caixotes. Embora veja com bons olhos a aposta da junta em mais animação, Olímpio Ribeiro recusa fazer prognósticos para a edição deste ano: “Só no final é que sei se foi bom.”

Quinito, dono dos dois restaurantes com o mesmo nome - os únicos da feira -, é optimista. “Está tudo muito mais arrumadinho e estou convencido de que o palco vai chamar muita gente”, diz o comerciante, que faz a Feira da Luz há 41 anos. Nem sempre o investimento compensa (paga cerca de 16.000 euros para montar os dois espaços durante todo o mês em que decorre a feira), mas para este ano as perspectivas são animadoras.

Um grande palco, montado num pequeno largo ao lado do jardim, é uma das novidades desta edição. É lá que vão decorrer dezenas de iniciativas que até agora não constavam do programa (todas de participação gratuita) como concertos às sextas-feiras e sábados à noite, actuações de ranchos folclóricos ou aulas de ginástica.

Na agenda estão actividades para ocupar os visitantes desde que as “portas” abrem às 11h, até ao fecho da feira. Vai haver animação de rua feita por grupos de teatro da freguesia, exposições de fotografia, ateliês de circo, encontros de estátuas humanas e exposições de Renault 4L. O Largo da Luz vai também acolher uma Feira da Buzina, que consiste na venda de artigos em segunda mão expostos no porta-bagagens de carros, e ainda campanhas de recolha de sangue, rastreios na área da saúde e troca de material escolar.

Para as crianças, existe um espaço mais alargado com carrosséis, e os pais poderão usar o comboio turístico para percorrer a feira e o centro histórico de Carnide. De domingo a quarta-feira, das 20h30 às 22h30, os altifalantes da feira vão emitir os programas de uma rádio local criada de propósito para o certame. Outra novidade é o Mercado de Arte de Carnide, instalado no interior do jardim, onde os pequenos artesãos podem vender os seus artigos.

A feira encerra a 28 de Setembro com a procissão em homenagem a Nossa Senhora da Luz, que todos os anos chama visitantes de vários pontos do país.

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