Movimento de vianenses sai em defesa das corridas de touros

O movimento cívico nasceu em 2009, ano em que a câmara declarou Viana cidade anti-touradas. E assume ter pedido ajuda à Prótoiro para “trazer de volta” as corridas de touros.

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O movimento de vianenses assume estar a ajudar na organização da tourada deste ano, tal como aconteceu, revela, em 2012 Nelson Garrido

Um auto-denominado movimento de cidadãos “Vianenses pela Liberdade” assumiu, esta quarta-feira, ter sido responsável pelo regresso das corridas de touros à cidade quando, no ano passado, contactou a Prótoiro “para que esta ajudasse a trazer de volta as touradas” ás festas da Agonia.

Em comunicado enviado à imprensa, o grupo explica ainda que já em 2011 tentou “organizar sozinho” uma corrida em Viana, “mas tal não se veio a concretizar, por problemas logísticos”.

A federação de associações taurinas, Prótoiro, apresentou segunda-feira passada um pedido de licenciamento municipal para a instalação de uma arena amovível com capacidade para 3.300 pessoas em Darque, para uma tourada marcada para 18 de Agosto, o domingo das tradicionais festas da Romaria d’Agonia. Um espectáculo que repete a iniciativa de 2012. “Também este ano é com o nosso apoio, envolvimento e mobilização de meios e pessoas que está a ser organizada a tourada em Darque”, refere o comunicado.

O movimento foi criado em 2009 na sequência da aprovação, pela autarquia então liderada por Defensor Moura, da declaração que transformou Viana do Castelo na primeira cidade anti-touradas do país. Uma medida que o grupo de aficcionados considera ter sido tomada “à revelia dos munícipes” e que esteve na origem, no dia 25 de Abril desse ano, de “uma manifestação contra essa prepotente decisão”.

Contactado pelo PÚBLICO, o porta-voz do movimento cívico explicou que “face às mentirosas declarações do Presidente da Câmara” o grupo decidiu dizer “basta” e lutar “para que a a cidade seja lugar de tolerância, respeito e Liberdade, sítio plural onde não existe pensamento único ou cultura oficial imposta pela Câmara Municipal”.

“Estamos fartos de ouvir o senhor presidente da Câmara mentir” sustentou José Carlos Durães apontado como exemplo o argumento de que a cidade não tem tradição tauromáquica. “É completamente mentira que Viana do Castelo não tenha tradição taurina: esta remonta pelo menos a 1609, cerca de 200 anos antes, portanto, do início das Festa de Nossa Senhora da Agonia em 1772”, adiantou.

“Só vai a um espectáculo destes quem quer. Agora não é o presidente da Câmara que nos vai proibir de ir só porque ele não gosta. A ditadura acabou em Abril de 74. A tourada é um espectáculo legal”, sustentou José Carlos Durães.

Na página “Vianenses pela Liberdade” criada no Facebook, e  com mais de 60 seguidores, o movimento cívico explica que está a lutar “em defesa da liberdade cultural” da cidade e “pelo fim do caciquismo e intimidação da Câmara Municipal sobre os seus cidadãos”. O grupo adianta que a sua principal missão é lutar “pelas touradas e pela sã convivência entre ideias diferentes”. O movimento promete “em breve levar a cabo várias iniciativas na cidade”.

A Prótoiro já afirmou que o pedido de instalação da arena amovível na freguesia de Darque, na margem esquerda do rio Lima, apresentado esta semana “reúne todas as condições legais” para ser deferido já que reúne pareceres dos bombeiros voluntários e da PSP, sobre questões de segurança. O presidente da comissão executiva, Diogo Monteiro, afirmou que o despacho municipal sobre o pedido de instalação desta arena na freguesia de Darque, na margem esquerda do rio Lima, em terrenos privados, junto a uma área localmente conhecida como a "seca do bacalhau", terá de acontecer até esta quinta-feira.

Findo este prazo, o responsável diz que o requerimento está “aprovado tacitamente. Em caso de indeferimento, a Prótoiro garante voltar a recorrer aos tribunais, como aconteceu em Agosto de 2012, o que permitiu a realização da tourada. O presidente da Câmara de Viana do Castelo já classificou como uma “provocação” a realização desta corrida de touros. José Maria Costa mantém o “compromisso de inviabilizar por todos os meios legais” a realização de touradas no concelho, “É um espectáculo que nada tem a ver com a nossa cultura e com o nosso estado civilizacional”, alega.
 

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