Mota Engil entra no fundo do Aleixo para o salvar

Modelo exacto da participação da nova empresa no fundo só deverá ser conhecida no final de Março, depois de ultimadas as negociações

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Duas torres do Aleixo foram já demolidas, mas a operação imobiliária para os terrenos enfrenta problemas de liquidez financeira Adriano Miranda

A empresa Mota Engil é a nova accionista do Invesurb – Fundo Especial de Investimento Imobiliário Fechado, responsável pelo futuro dos terrenos do Bairro do Aleixo, no Porto. O anúncio foi feito esta quinta-feira, no final da Assembleia Geral (AG) que contou com a presença dos actuais accionistas. Sem adiantar pormenores sobre o negócio, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, mostrou-se satisfeito com a solução que impede a dissolução do fundo.

“Creio que hoje foi dado um passo fundamental para salvar o fundo”, disse o autarca ao fim de cerca de uma hora de reunião. Acompanhado de António Oliveira, o accionista maioritário do fundo, com quase 37 % das participações (o município tem 30% e as empresas do Grupo Espírito Santo detêm os restantes 33%), que não quis falar, Rui Moreira confirmou a informação disponibilizada aos jornalistas em forma de comunicado, momentos antes. “A Mota Engil é uma empresa de referência, portanto, estamos persuadidos que se encontrou uma solução. Vamos trabalhar nos próximos dias para continuar com um o projecto, resolvendo, desde logo – e isso para nós é fundamental  - a questão social. O problema das pessoas que viveram no Aleixo e das que ainda lá vivem”, disse.

O presidente da Câmara do Porto não quis, contudo, adiantar mais pormenores sobre como será reorganizada a nova divisão de accionistas, nem sequer sobre a posição efectiva da câmara no novo formato do Invesurb. De acordo com o comunicado que fizera distribuir, “as condições exactas da entrada do novo investidor, bem como os necessários procedimentos contratuais, formais e legais estão a ser trabalhados pelas partes, devendo o processo concluir-se dentro de 30 dias”. Contactada pelo PÚBLICO, fonte da Mota Engil também não quis adiantar mais pormenores sobre a operação, nem sequer se a empresa poderá comprar a participação das empresas do Espírito Santo no fundo, uma vez que, fruto dos problemas do grupo financeiro, estas se encontram todas em processo de liquidação.

Em Janeiro, segundo disse na altura Rui Moreira, os activos do Invesurb estavam “em cinco milhões e 40 mil euros, muito próximo do mínimo legal [de cinco milhões de euros]”. Sem que qualquer um dos accionistas estivesse na disponibilidade de aumentar o capital – a câmara estava mesmo impedida de o fazer legalmente, já que não pode ter mais de 30% do fundo – a dissolução só aparentava ser possível com a entrada de um novo sócio. No final de Janeiro, a continuação da AG acabou por ser interrompida, à partida, a pedido da câmara, para que pudesse ter mais tempo para tentar encontrar uma solução. Os últimos pormenores para desbloquear a participação da Mota Engil terão sido conseguidos ontem, numa reunião com Rui Moreira.

Com mais um mês para se conhecerem os pormenores da nova constituição do fundo, está-se ainda longe de saber exactamente qual será o futuro do Bairro do Aleixo. Para já, Rui Moreira congratulou-se com o facto de o fundo ter, de novo, condições para cumprir as contrapartidas assumidas junto da autarquia, nomeadamente, a construção dos fogos para realojar os moradores do bairro social. Contudo, não é ainda certo que o projecto desenhado para os terrenos do Aleixo, a pedido do Invesurb, venha a ser o modelo final adoptado, já que estes deverão ser incluídos numa Área de Reabilitação Urbana, com os terrenos do Ouro, propriedade da EDP, e que são actualmente motivo de um diferendo judicial que pode custar à câmara quase nove milhões de euros. A busca de uma solução integrada que afaste os custos desse processo deverá ser fundamental para o futuro do Aleixo. 
com Rosa Soares

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