Mostrar fábricas por dentro dá resultado e lucro em São João da Madeira

Roteiro do Turismo Industrial faz três anos com 60.210 visitantes e receita de cerca de 9 mil euros. Viarco continua a liderar preferências dos visitantes

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a Viarco soube transformar o que era velho, obsoleto e ultrapassado em mais-valia Nelson Garrido

São João da Madeira é o mais pequeno município do país em área. Não há praias ou montanhas nos seus oito quilómetros quadrados, mas há empresas que há três anos abrem as portas para se darem a conhecer por dentro num roteiro que não tem parado de suscitar interesse e que continua a dar lucro. Nesta sexta-feira, o Turismo Industrial de São João da Madeira assinala três anos de vida e, como prenda, oferece visitas nos circuitos pelo património industrial da cidade.

É um projecto inovador que mostra o avesso das fábricas em plena laboração. Os visitantes têm acesso à parte produtiva durante o horário de expediente com o acompanhamento de guias formados propositadamente para essa missão. É um produto turístico organizado que revela como nascem lápis, chapéus, sapatos ou etiquetas e que nunca deu saldo negativo. Nos três anos de funcionamento, a balança pendeu sempre para o lado dos lucros com uma receita a rondar os 9 mo, euros.

Em três anos, registaram-se 60.210 visitantes – a maioria do distrito de Aveiro (41%) e do Porto (38%). Só no ano passado, contaram-se cerca de 24 mil visitas. A única fábrica de lápis do país, a Viarco, continua a liderar as preferências com 41% e 24.626 visitantes. Segue-se o Museu da Chapelaria com 23% e 14.137 turistas e a empresa de calçado Helsar com 10% das visitas. A empresa de calçado Everest, a Cortadoria Nacional de Pêlo, a Fepsa, e a fábrica de passamarias e etiquetas têxteis Heliotêxtil, completam o lote de oferta. A Academia de Design e Calçado, o Centro Tecnológico do Calçado de Portugal e o Museu da Chapelaria também participam neste roteiro.

O projecto nasceu e não tardou a consolidar-se no terreno. A câmara municipal garante que ele está para durar e que tem pernas para continuar a caminhar pelo próprio pé. “O Turismo Industrial veio para ficar. A indústria faz parte do nosso ADN. Aqui, em São João da Madeira, já nascemos com esta matriz genética”, sublinha o presidente da câmara Ricardo Figueiredo. O autarca destaca as virtudes de um projecto vencedor, auto-sustentável, que tem mais por onde crescer. “Aproveitando o próximo quadro comunitário de apoio, vamos chamar ao Turismo Industrial outras empresas, nomeadamente do sector dos colchões e das etiquetas. E posteriormente ainda iremos ampliar a outros sectores. Julgo que o sector automóvel terá também de estar - mais dia, menos dia – representado”, revela. Em 2015, além da inclusão de outras empresas nos circuitos pelo património industrial, quer-se manter ou aumentar o número das cerca de 24 mil visitas anuais.

São João da Madeira mostra o que sabe fazer a nível industrial e a auto-estima da população cresce no peito. Há várias componentes em jogo. “É uma ferramenta que está ao dispor das escolas, das universidades, mas também dos turistas em geral. Além da sua dimensão lúdica e de cartão de visita da cidade, o Turismo Industrial é também importante para sensibilizar os jovens para a indústria e para o papel relevante que esta tem em São João da Madeira”. Ricardo Figueiredo garante que a cidade adoptou o projecto como seu. “E isso é mérito não só das empresas envolvidas e da câmara municipal, mas também dos próprios cidadãos, das escolas que adoptaram o Turismo Industrial como algo seu. Criou raízes na cidade que não mais terminarão”.

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