São feios, só têm um olho, cospem fogo. Eles estão a chegar ao Porto

Mitos e Monstros é uma exposição do Museu de História Natural de Londres que chega ao Porto esta quarta-feira

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Diogo Baptista
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Entre os turistas que habitualmente visitam o Palácio da Bolsa, lá estão eles, reunidos num único espaço: o Abominável Homem das Neves, um ser extraterrestre, um ciclope, um dragão, entre outros. Quem por lá passa, poderá pensar que se trata de uma espécie de convenção anual de monstros ou algo que se pareça, mas, na verdade, trata-se apenas da exposição Mitos e Monstros, que invade a cidade do Porto a partir desta quarta-feira. Tem a chancela do prestigiado Museu de História Natural de Londres (MHNL) e junta os protagonistas dos mitos mais conhecidos de todos. Com o objectivo de descobrir como muitos deles surgiram, vai ser possível desvendar estas histórias fantásticas recorrendo à investigação científica.

É a primeira vez que o museu londrino traz uma exposição ao Porto e, por esse mesmo motivo, a curiosidade é transversal a todos aqueles que estão envolvidos na preparação do evento - desde os representantes do Palácio da Bolsa até à equipa técnica que se encarregou de montar este mundo mitológico. “Todos nos perguntam quando podem visitar a exposição e trazer cá os filhos”, diz, com orgulho, Miguel Maria, director executivo da Associação Comercial do Porto, explicando também que toda a montagem demorou cerca de uma semana e foi cuidadosamente acompanhada pelos técnicos ingleses do MHNL.

O tema da exposição parece não deixar ninguém indiferente e isso mesmo pode ser comprovado através da reacção daqueles que nestes dias visitam o Palácio da Bolsa. Por enquanto, a exposição ainda não está aberta e apenas podia ser vista através dos vidros das portadas que circundam o Pátio das Nações mas já era o suficiente para atrair o olhar dos visitantes que percorriam o espaço e que rapidamente se juntavam para admirar os monstros à medida que os reconheciam. De máquina fotográfica em riste, muitos deles não resistiam e registavam o momento.

Há muito realismo neste mundo irreal, só possível graças a um complexo mecanismo que garante os movimentos ameaçadores destes seres mitológicos. “Os movimentos são tão reais que as pessoas vão ficar deslumbradas”, diz Miguel Maria, enquanto aponta o movimento da cauda do imponente dragão que por lá está. “Tenho a impressão que estamos quase sempre a ser observados pelo Yeti”, confessa Sérgio Ferreira, coordenador do Turismo do Palácio da Bolsa. E, de facto, o olhar feroz do abominável homem das neves move-se quase a 180 graus, percorrendo grande parte daquele espaço.

Logo ali ao lado existe um painel que junta várias páginas de jornal com fotografias de um grande ser que se assemelha a um réptil marinho. Pelos altifalantes, ouvem-se vozes de pessoas que testemunham ter avistado um monstruoso ser num lago. É o lago Ness, na Escócia, onde muitos juram ter avistado uma criatura do assombro, a quem já carinhosamente chamam Nessie. Apesar da sua imensa popularidade, este ser pré-histórico – que, reza o mito, sobreviveu ao longo de milhares de anos – não pode ser avistado em Mitos e Monstros. Talvez por não ser, de facto, dado a aparições ou talvez porque o seu tamanho não permitiria a entrada no palácio portuense. Mas não foi esquecido.

São vários os mitos que marcam presença nesta exposição, e mesmo os visitantes mais esquecidos podem recordar estas histórias fantásticas graças às narrativas que descrevem cada um dos monstros. Para além desses textos, existe ainda o olhar da Ciência sobre este mundo mitológico, dado pelo MHNL. “ A ideia é desmistificar todos estes mitos e monstros. E quem melhor que o museu de Londres para nos dar essa explicação?”, diz Sérgio Ferreira, explicando logo de seguida que a réplica do crânio de ciclope que lá está exposto, corresponde, na verdade, ao crânio de um rinoceronte.

Mas nem sempre a Ciência conseguiu, com sucesso, derrubar alguns mitos. Talvez porque “nenhum lugar é maior do que a imaginação”, como se lê na apresentação da exposição. No fundo, é esse o desafio que esta monstra sugere: explorar as fronteiras entre a imaginação e a realidade. E para falar um bocadinho sobre isso, vai estar na inauguração, esta quarta-feira, o professor e arqueólogo Joel Cleto, que sempre assumiu interesse por todo este lado fantástico da História.

Mitos e monstros, diz organização, “é transversal a todo o tipo de público” e “desengane-se quem pense que as crianças se vão assustar”, garante Sérgio Ferreira. É ir até ao Pátio das Nações do Palácio da Bolsa a partir de quarta e até 4 de Janeiro. De segunda-feira a domingo, todo este mundo mitológico pode ser visitado de manhã, entre as 9h e as 13h, e à tarde, entre as 14h e as 18h.

Texto editado por Ana Fernandes

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