Miradouro da Vitória no Porto deve ficar a pertencer a um hotel

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Miradouro da Bataria da Vitória Nelson Garrido

O miradouro situado na Rua da Bataria da Vitória, com uma vista larga sobre o centro histórico do Porto e Vila Nova de Gaia, é propriedade privada e deverá integrar o projecto que venha a ser desenvolvido nos edifícios contíguos.

O miradouro situado na Rua da Bataria da Vitória, com uma vista larga sobre o centro histórico do Porto e Vila Nova de Gaia, é propriedade privada e deverá integrar o projecto que venha a ser desenvolvido nos edifícios contíguos.

Os actuais proprietários garantem, contudo, que têm "a intenção de manter o miradouro aberto ao público", dizendo "não ver qualquer vantagem" em vedar o acesso aos turistas que o procuram.

O miradouro integra um lote que a Fundação para o Desenvolvimento da Zona Histórica do Porto (FDZHP) vendeu, no decurso do processo de liquidação em que se encontra. O espaço e os dois prédios contíguos, com duas frentes, para a Rua de S. Bento da Vitória e a Rua de S. Miguel, onde ainda moram dois inquilinos, foram lançados no mercado com o preço-base de 500 mil euros e seriam adquiridos pela sociedade construtora Maranhão por 576.100 euros.

Após a aquisição, os proprietários substituíram o portão em ferro que dava acesso ao miradouro (e algumas barras do gradeamento que delimita o terreno), anexando-lhe uma pequena placa onde se lê "propriedade privada".

O facto indignou o geógrafo Rio Fernandes que, num post colocado no blogue A Baixa do Porto, lembrou o carácter histórico do local - o espaço terá sido construído por João Almada em finais do século XVIII e recebeu os canhões liberais das tropas afectas a D. Pedro, em 1832 e 1833 -, argumentando que "há limites" às privatizações e que vedar o acesso ao miradouro é "um atentado".

Ao PÚBLICO, Filipe Sales, da Maranhão, sublinha que o espaço "é privado", mas que a intenção é mantê-lo acessível à população em geral. "Substituímos o portão e mantemos apenas uma das suas folhas fechadas, porque havia quem estacionasse ali o carro. A outra folha está aberta para todos e é nossa intenção continuar a permitir que as pessoas continuem a visitar o miradouro", diz.

Filipe Sales explica, contudo, que o imóvel poderá não ficar nas mãos da Maranhão por muito tempo, já que a empresa está a analisar várias possibilidades para o seu futuro, incluindo a venda do lote. O mais provável, acrescenta, é que ali nasça um investimento hoteleiro, quer o espaço se mantenha na posse da Maranhão ou não. "Há negociações a decorrer e o maior interessado [em comprar o lote] é da área hoteleira. Se formos nós a desenvolver um projecto, também será nessa área", diz.

O responsável defende que, mesmo que o espaço seja vendido, o miradouro deverá permanecer acessível a todos. "Penso que há todo o interesse em manter o espaço aberto."

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