Ministro da Saúde lamenta que serviço médico à periferia não tenha tido continuidade

Nos próximos três anos entrarão no Serviço Nacional de Saúde uma média de 500 médicos especialistas por ano, número que supera as aposentações que vierem a registar-se.

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Adalberto Campos Fernandes, ministro da Saúde Nuno Ferreira Santos

O ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, defendeu nesta segunda-feira em Beja, onde se deslocou acompanhado pelo ministro-adjunto Eduardo Cabrita para apresentar o Programa Nacional para a Coesão Territorial (PNCT), que o serviço médico à periferia foi um “bom modelo que fixou e atraiu médicos” para o interior do país.

Fazendo um apelo à memória dos mais velhos, Campos Ferreira salientou que a experiência iniciada com a emergência do 25 de Abril de 1974 teve “o efeito positivo” na prestação dos cuidados médicos às populações do interior do país. “Muitos dos clínicos que hoje trabalham nestas regiões, são dessa geração” acentuou. O governante interpreta a experiência como tendo sido “um bom modelo” que atraiu e fixou médicos no interior do país. “Infelizmente não foi mantido nem desenvolvido e hoje estamos confrontados com a situação de muitos desses médicos estarem à beira da reforma.”

Mesmo assim, Campos Fernandes disse ter uma “boa notícia”. Ao terminar 2016, o Serviço Nacional de Saúde (SNS) “está mais forte e a responder melhor em todas as linhas comparativamente ao ano anterior” garantiu, acrescentando que “mais de meio milhão de portugueses passaram a ter médico de família, o que nunca aconteceu num único ano”.

Contribuiu para este dado a formação novos médicos especialistas, adiantou o ministro, anunciando que “há mais 73 clínicos que estão à beira de entrar em funções e nos próximos três anos sairão uma média de 500 novos médicos em cada ano, “superando o número de aposentações previstas”.

A atracção de jovens especialistas pelo interior do país, prossegue o governante, resolve-se tomando em conta um conjunto de circunstâncias: “temos de ter um número de médicos suficiente para que as escolhas que são colocadas a esses mesmos médicos possam ter em conta outras opções que não sejam apenas Lisboa, Porto e Coimbra.” Ao mesmo tempo a relação entre público e privado “tem de estar estabilizada”, pois, nos últimos anos, registou-se um crescimento “muito intenso” do sector privado, favorecido “pelo desencanto e pela desmobilização que afectou muitos médicos que prestavam serviço no sector público”, constatou o ministro.

Campos Fernandes incentiva as Unidades Locais de Saúde a desafiar médicos que estão em Lisboa “a viver de uma certa estagnação na sua carreira profissional” a virem para o interior. O caminho passa pela “criação de projectos profissionais mobilizadores e não apenas factores remuneratórios” observa o ministro, assumindo que da parte do Ministério da Saúde haverá ajudas para o investimento tecnológico nas unidades hospitalares. “Um especialista nos dias de hoje quer trabalhar num local que tenha equipamentos modernos para realizar uma medicina moderna” frisou.

“Até ao final da legislatura serão instaladas as infraestruturas necessárias no Alentejo” comprometeu-se o ministro da Saúde, advogando um princípio: “Ninguém deve sair do Alentejo para receber cuidados de saúde”. As deslocações para Lisboa, “ só por razões imperativas de natureza clínica”, sustentou Campos Fernandes, deixando uma advertência final: “Sozinho o Ministério da Saúde pouco fará” deixando um apelo ao contributo dos autarcas “para acabar com este paradigma maldito".

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