Mil músicos desfilam em Lisboa para celebrar restauração da independência

O desfile filarmónico fará com que o trânsito na Avenida da Liberdade fique impedido das 13h às 19h. Os hinos tocados conjuntamente são símbolos de revolução.

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JOSÉ FRADE
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JOSÉ FRADE

No próximo domingo, a Avenida da Liberdade pára para ver a banda passar ou, mais precisamente, as bandas. São mais de mil músicos de quinze distritos portugueses que desfilarão em Lisboa para comemorar o 1 de Dezembro – apesar de o encontro se realizar no dia 28 –, dia da restauração da independência portuguesa em 1640.

O desfile filarmónico tem início na Estátua dos Combatentes da Grande Guerra, às 15h, desce pela Avenida da Liberdade e termina na Praça dos Restauradores. É neste local que é feita uma interpretação conjunta do Hino da Maria da Fonte, do Hino da Restauração e do Hino Nacional, sob direcção do maestro da Banda de Música da Força Aérea, o tenente-coronel Élio Murcho, que desde 2005 exerce as funções de superintendente da banda de música e das fanfarras deste ramo das forças armadas.

Para além da banda de música da Força Aérea, tocará o Grupo Coral dos Mineiros de Aljustrel e 28 bandas filarmónicas de distritos como Aveiro, Castelo Branco, Faro, Setúbal, Viana do Castelo e Vila Real. A iniciativa resulta de uma parceria entre as bandas, o movimento 1º de Dezembro e a EGEAC (Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural).  

A cerimónia obriga a alterações no trânsito na Avenida da Liberdade, pelo que a via estará cortada à circulação entre a Rua Alexandre Herculano e o Rossio, entre as 13h e as 19h do dia 29 de Novembro.

As antigas canções de intervenção
Os hinos tocados no fim do desfile filarmónico são representações musicais de revoluções ocorridas em Portugal. O Hino Maria da Fonte foi composto pelo maestro Ângelo Frondoni aquando da revolta da Maria da Fonte, que ocorreu no Minho, em 1846, contra a governação de Costa Cabral.

Já o Hino da Restauração surge de uma das 14 composições musicais da peça dramática “1640 ou a Restauração de Portugal”, que estreou em 1861. O hino teve tanto sucesso que deixou de ser tocado somente na peça e passou para fora dos teatros. A partir daí, começou a ser ouvido nas celebrações do dia da restauração da independência, assinalando o fim do reinado espanhol em Portugal, conseguido através de um golpe palaciano. 

Mais conhecido, o hino nacional, ou “A Portuguesa”, foi escrito por Henrique Lopes de Mendonça e a música foi composta por Alfredo Keil. Surgiu em 1890 na sequência do ultimato inglês, que exigia a retirada dos portugueses dos territórios entre Moçambique e Angola, razão pela qual, na letra original, se lia “contra os bretões marchar, marchar”, tendo sido posteriormente substituído por “canhões”. A canção foi proibida pela monarquia por ter sido cantada durante um golpe de estado contra a coroa em 1891 mas voltou a ser ouvida nas ruas depois da implantação da República. Foi declarada hino nacional em 1911. 

Texto editado por Ana Fernandes

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