Medina garante que “todos os requisitos colocados pela PSP” foram cumpridos

Presidente da Câmara de Lisboa critica Ministério da Administração Interna por falta de informação sobre os desacatos no Marquês

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Miguel Manso

O presidente da Câmara de Lisboa garante que “todos os requisitos colocados pela PSP foram integralmente cumpridos”, sublinhando que essa entidade “nunca se mostrou contra” a realização da festa do Benfica no Marquês.

Depois das várias notícias divulgadas nos últimos dias, segundo as quais a PSP teria dado parecer negativo aos moldes em que foram organizados os festejos, Fernando Medina deu esta sexta-feira uma conferência de imprensa, “com vista à reposição da verdade dos factos”. O autarca frisou que essas notícias se baseiam na citação de “fontes anónimas” e assegurou que são “falsas” as afirmações segundo as quais a câmara não respeitou aquele parecer.

De acordo com o autarca, houve sete reuniões preparatórias da festa do Benfica, duas das quais no terreno, nas quais participaram responsáveis da PSP, da câmara e do clube de futebol. Segundo Fernando Medina, “a festa em espaço ao ar livre nunca esteve em causa por parte da PSP e a sua realização não foi desaconselhada”.

Aquilo que aconteceu, disse, foi que a PSP transmitiu à câmara, no dia 13 de Maio, “o seu parecer negativo relativo a dois aspectos muito específicos e concretos da organização”. Foram eles a “colocação de quiosques de venda de bebidas” e o “posicionamento e forma do palco”.

Fernando Medina acrescenta que “no mesmo documento, a PSP identifica as condições necessárias para a execução em segurança do modelo pretendido”, entre as quais “a utilização de gradeamento específico da delimitação de perímetros de segurança” e a “construção de palco com perímetros estanques entre os anéis da praça do Marquês”. E todos esses requisitos, assegura, “foram integralmente cumpridos, e verificados no terreno nos dias posteriores”.

“As diferenças de opinião e acerto de soluções entre entidades são frequentes e normais na organização dos mais variados eventos”, nota o presidente da câmara. Segundo explica, aquilo que se pretendeu com a nova solução adoptada, que impedia o acesso à estátua do Marquês de Pombal e criava um fosso de segurança em seu redor, foi “evitar os episódios de invasão por parte de adeptos para junto dos jogadores, preservar a integridade física de todos e a protecção do património físico”.

Fernando Medina assegura que também as recomendações da PSP quanto à venda de bebidas em recipientes de plástico “foram respeitadas pelos agentes autorizados”. Quanto aos restantes, o autarca revela que desde as 18h de domingo a Polícia Municipal de Lisboa apreendeu “mais de 600 garrafas de bebidas alcoólicas” e levantou “mais de 30 autos de notícia por contra-ordenação”.

Na conferência de imprensa, o presidente fez ainda referência à nota emitida na quinta-feira pela Direcção Nacional da PSP. Nela diz-se que “se entende não se poder estabelecer um nexo de causalidade directo entre os distúrbios ocorridos na Praça Marquês de Pombal e o quadro de medidas organizativas e de segurança, planeado e implementado para este evento em concreto”.

Como já tinha feito no início da semana, Fernando Medina insistiu na ideia de que o ocorrido “foi o resultado de um conjunto de pessoas que, com os seus actos inqualificáveis de arremesso de objectos, estragaram uma festa que estava a decorrer bem e com toda a segurança”.

Na sua comunicação aos jornalistas, o autarca socialista criticou o Ministério da Administração Interna (MAI) por, “quase uma semana depois dos eventos” não ter havido da sua parte “qualquer informação sobre as diligências tidas quanto à identificação e responsabilização dos causadores dos incidentes”.  

“É essencial que haja um esclarecimento cabal por parte do ministério”, defendeu Fernando Medina, que adiantou já ter falado duas vezes com a ministra Anabela Rodrigues para reforçar a necessidade desse esclarecimento. “Todos temos o direito de saber o que aconteceu e como é que aconteceu”, concluiu, lamentando que até aqui a posição do MAI tenha sido a de “remeter-se ao silêncio”.  

Questionado sobre a actuação da PSP na noite de domingo, o autarca não quis comentar. “Não quero tomar nenhuma posição, nenhum pronunciamento sobre a operação concreta da PSP no terreno”, disse, acrescentando que essa força policial “já deu provas no passado”, nomeadamente na Final da Liga dos Campeões, que se realizou em Lisboa em Maio de 2014. 

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