Medina diz que obra na Segunda Circular vai “servir melhor” os automobilistas

O presidente da Câmara de Lisboa garante que a consulta pública em curso até sexta-feira “é para levar a sério” e que está “de mente aberta” para receber “contributos para melhorar o projecto”.

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Segundo o presidente da câmara, a 2.ª Circular será humanizada e manterá as actuais vias DR

A obra que a Câmara de Lisboa se prepara para concretizar na Segunda Circular vai “melhorar a fluidez da circulação rodoviária” e assim “servir melhor aqueles que circulam de automóvel”. Esta é a convicção de Fernando Medina, que lembra aos críticos do projecto que não está prevista a supressão de faixas de rodagem, nem tão pouco a criação de ciclovias ou de vias pedonais.

Numa conferência de imprensa que se realizou esta segunda-feira, o presidente da câmara saiu em defesa do projecto para a Segunda Circular, defendendo que este tem “seguramente muitíssimos mais méritos do que defeitos”. “Estamos muito confiantes no projecto”, notou.  

Confrontado com as reacções que a proposta tem gerado, Fernando Medina admitiu que “tem havido críticas”, para acrescentar logo depois que “tem havido muito mais vozes na defesa” da iniciativa camarária. Daquilo que tem lido e ouvido, Fernando Medina concluiu que a principal crítica tem a ver com algo que não está sequer previsto que aconteça: com a retirada de uma via de circulação.

“O projecto não é tão ambicioso como alguns o puseram. A transformação da Segunda Circular numa boulevard infelizmente não é o nosso projecto. A Segunda Circular vai continuar a ser uma via viária que vai servir automóveis”, afirmou o autarca socialista. Depois das obras, frisou, “não vão circular pessoas” nesta artéria, nem vai haver “lojas” ou “parques infantis”, nem tão pouco “ciclovias ou vias pedonais”.

Reiterando aquela que tem sido a mensagem da câmara, Fernando Medina sustentou que a intervenção prevista, e que contempla um investimento na casa dos dez milhões de euros, permitirá “melhorar a fluidez da circulação rodoviária”. Isto porque, explicou, serão objecto de “correcção” aqueles que são “os pontos nucleares” que hoje oferecem mais problemas em termos de circulação automóvel e de segurança rodoviária.

Além disso, lembrou o autarca, serão promovidas acções “que se dirigem à humanização da via” e que passam pela redução da poluição e do ruído. Algo que Fernando Medina sublinhou que irá beneficiar os muitos que vivem nas imediações da Segunda Circular.

O autarca reconheceu que há obras no projecto associadas à da Segunda Circular e que não dependem da câmara, mas garantiu que a sua concretização “não dispensa, não inibe e não atrasa” a intervenção do município. A este respeito, Fernando Medina adiantou que está “a dialogar com o Governo” para que essas obras possam ser feitas.

Segundo explicou em resposta ao PÚBLICO, uma das intervenções desejadas é “a correcção do nó do IC19 com a CRIL”, por forma a que a primeira via passe a desembocar na CRIL e não na Segunda Circular. A autarquia quer também que haja alterações na “intersecção da A1 com a Segunda Circular” e, olhando já para além daquilo que está agora em equação, que seja feita uma “correcção do nó que liga a A5 ao Eixo Norte-Sul”, em Monsanto.

Questionado sobre a prevista redução da velocidade máxima de circulação na Segunda Circular, de 80 para 60 quilómetros/hora, Fernando Medina desvalorizou. “É uma questão que tem sido mal posta”, defendeu, lembrando que a velocidade média de circulação nesta artéria é hoje de cerca de 47 quilómetros/hora. “O que condiciona a fluidez não é tanto o limite de velocidade, mas os acessos, os acidentes, o pára-arranca, os cruzamentos mal desenhados”, concluiu.

A proposta da câmara está em consulta pública até dia 15 de Janeiro, sexta-feira, garantindo Fernando Medina que esta “é uma consulta para levar a sério”. “Queremos receber contributos para melhorar o projecto. Estamos de mente aberta”, assegurou o autarca socialista aos jornalistas, a quem frisou que com ou sem alterações “este projecto vai avançar”.

Contra a proposta da câmara já se pronunciaram várias personalidades, incluindo o ex-vereador da Mobilidade Fernando Nunes da Silva. Para este professor catedrático do Instituto Superior Técnico, citado pela Lusa, aquilo que está em preparação é apenas “uma operação de cosmética”, “para disfarçar o caos em que se transformou o trânsito em Lisboa no último ano”.

 

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