Marinha Grande envia factura da limpeza da costa ao Governo

Praias da Vieira e de São Pedro de Moel foram as mais afectadas pelo mau tempo. Leiria intervenção no Pedrógão após garantia de financiamento do Estado.

A Câmara da Marinha Grande vai enviar a factura da limpeza e dos danos na orla costeira no concelho ao Governo, disse esta terça-feira à agência Lusa o vice-presidente do município reclamando do poder central uma "intervenção mais ágil".

"Vamos reivindicar do Governo o ressarcimento das despesas que estamos a ter com a limpeza da orla costeira, bem como dos danos que a agitação marítima tem provocado nas infraestruturas à beira-mar", afirmou Paulo Vicente. O autarca, eleito pelo PS, referiu que a forte agitação marítima atingiu desde janeiro várias praias do concelho, destacando os casos das praias da Vieira e de São Pedro Moel, mas ressalvou que a contabilidade dos prejuízos ainda não está feita.

Manifestando "preocupação" com as consequências da agitação marítima, Paulo Vicente salientou que, até ao momento, a câmara não foi contactada por nenhuma entidade com tutela na orla costeira, reclamando destas uma "intervenção mais ágil" para repor a normalidade nos locais afetados pela forte ondulação. "Quando se trata de investir e gastar dinheiro para pôr as coisas em ordem são as autarquias que são chamadas", considerou.

Numa nota de imprensa, a câmara informa que enviou um ofício na segunda-feira, após mais um fim-de-semana de acentuada agitação marítima, à Administração da Região Hidrográfica do Centro e à Agência Portuguesa do Ambiente apontando "inúmeros e avultados danos e estragos", documentados por relatório da Protecção Civil. "A cada uma das entidades, apelou-se para que, 'no âmbito das suas competências tome as diligências consideradas por convenientes e nos informe relativamente às reparações dos estragos'", refere a mesma nota.

Segundo a câmara, foram deslocados cerca de uma dezena de trabalhadores para limpeza manual dos resíduos depositados no areal da Praia da Vieira, nomeadamente plástico, "de modo a garantir o seu adequado encaminhamento para a estação de valorização e tratamento de resíduos sólidos". Já nesta quarta-feira "terá início a limpeza dos resíduos remanescentes, como madeiras e canas, com recurso a meios mecânicos, que posteriormente serão transportados para a Central de Valorização Orgânica da Valorlis". "Dada a quantidade de materiais em causa, os serviços urbanos municipais estão a diligenciar a contratação de uma empresa, com vista ao reforço dos meios para a realização dos trabalhos de limpeza", acrescenta a câmara.

A forte ondulação tem provocado estragos em vários pontos da costa. A Câmara de Leiria deliberou também avançar com uma intervenção de emergência na praia do Pedrógão, respondendo à solicitação da Agência Portuguesa do Ambiente (APA). Numa nota de imprensa, o município, que desde Janeiro já colocou mais de 50 mil metros cúbicos de areia na praia para travar o avanço do mar, explica que a intervenção ultrapassa meio milhão de euros, e compreende o Casal Ventoso e o Centro Azul.

A autarquia adianta que "o financiamento integral será assegurado através do Fundo de Proteção dos Recursos Hídricos, após candidatura a apresentar" pela câmara, que "será ressarcida do custo da empreitada, bem como do valor que resulta dos trabalhos de reposição". "Os trabalhos vão ser realizados nos termos do projecto definido pela APA, sendo a intervenção técnica da responsabilidade daquela entidade", refere o município.

Aos jornalistas, o presidente da câmara, Raul Castro, explicou que a agência solicitou à autarquia que gerisse "o procedimento concursal para a intervenção na praia", com "financiamento garantido a 100 por cento". "O que está aqui em causa é a abertura de um concurso com carácter de urgência face à situação em que está a praia", declarou o autarca, eleito pelo PS, assegurando que só a partir da garantia de financiamento total dos trabalhos o município terá "fundos disponíveis para lançar o procedimento".

Raul Castro admitiu que a solução preconizada pela APA não vai ao encontro das aspirações da autarquia.
"Logo a seguir à última situação vivida na praia do Pedrógão [em Janeiro], há um projeto que a APA fez que previa o enrocamento. Oito dias depois, mais dia, menos dia, fomos surpreendidos com outro projecto que prevê, não o enrocamento - utilizando pedras de grande tonelagem -, mas sim o enchimento de sacos com areia para reconstituir as barreiras para defender a praia", esclareceu.

Raul Castro, que se baseia em informação colhida onde esta segunda prática já foi implementada, referiu que não terá "corrido bem, porque romperam-se alguns dos sacos". "Correndo o risco de ali acontecer o mesmo, pensamos nós que esta solução devia ser melhor avaliada pela APA e é isso que vamos tentar fazer na próxima sexta-feira", quando se deslocarem ao Pedrógão responsáveis da agência, declarou. Reiterando que a responsabilidade técnica dos trabalhos é da APA, Raul Castro considera que a colocação de sacos com areia no Pedrógão poderá não ser a solução definitiva para o avanço do mar naquela praia, onde a situação se está a agravar, alertou.

Segundo informação do município, "nos últimos anos, a praia do Pedrógão tem sofrido um processo de erosão costeira", situação que coloca "em perigo iminente todas as infraestruturas adjacentes à marginal, assim como o cordão dunar".
"Em 19 de Setembro de 2013 a ondulação de cerca de quatro metros de altura destruiu toda a zona da passagem de emergência e descalçou o muro da rotunda, encontrando-se toda a zona instável", refere o município, acrescentando que, em Janeiro, "o cenário agravou-se, fruto das condições do estado do mar particularmente violentas".

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