Manifestantes protestam contra a mudança da Biblioteca da Penha de França

Protestos à chuva criticaram pouca transparência do processo de transição do espaço.

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Sandra Ribeiro

A chuva pode ter atrasado os protestos em frente à Biblioteca Municipal da Penha de França, mas não os parou. Cerca de 20 pessoas apareceram nesta sexta-feira com cartazes, cânticos e livros contra a deslocação da biblioteca para um edifício da EPUL – Empresa Pública de Urbanização de Lisboa.

“Os burocratas cabem em qualquer espaço, mas os leitores precisam deste”, assim resume o leitor João Patrício, que frequenta a biblioteca com os seus três filhos, os quais usufruem do espaço infantil criado em 2009, quando o edifício do século XVII, um dos poucos que terá sobrevivido ao terramoto de 1755, sofreu renovações.

Muitos dos que se manifestam contestam a decisão da câmara de ceder a totalidade do espaço à Junta de Freguesia da Penha de França (que até aqui ocupava apenas o piso superior) e lembram o que a vereadora Graça Fonseca lhes disse em reunião: a transferência da biblioteca não fazia parte do programa Biblioteca XXI, onde ser previa apenas o aumento do espaço bibliotecário.

Para além de acusações de falta de transparência às autoridades municipais, os protestantes queixam-se ainda que o novo espaço, que terá apenas uns acrescidos 27 metros quadrados não poderá receber todas as obras que se encontram na biblioteca, razão pela qual não faz sentido a autarquia mudar o local da biblioteca.

“Ainda não recebemos um argumento que achemos definitivo e que faça sentido para a relocação deste espaço”, afirma a poetisa Margarida Vale de Gato. “Uma das razões que dão para a mudança é a maior centralidade para a freguesia e melhores acessos, mas por essas mesmas razões não faria mais sentido ser a junta a mudar-se?”

Os protestos deram origem a duas petições, uma das quais recolheu cerca de 500 assinaturas até ao momento, e o assunto será discutido em reunião da Assembleia Municipal mas os peticionários não foram avisados de quando esta será realizada.

A BAD – Associação Portuguesa dos Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas – também compareceu. Os seus representantes dizem que obtiveram poucas respostas em relação ao serviço a ser prestado aos leitores que frequentam este espaço e mostram-se apreensivos com esta mudança.

Texto editado por Ana Fernandes

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