Lisboa cai no ranking da qualidade de vida mas continua entre as 50 melhores

Em relação ao ano passado, a capital portuguesa perdeu pontos e caiu do 41.º para o 44.º lugar, numa lista de 221 cidades mundiais.

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Reduzida oferta aeroportuária coloca Lisboa na 76.ª posição em termos de qualidade de infraestruturas Miguel Manso

Lisboa ocupa a 44.ª posição no ranking da qualidade de vida das cidades, elaborado pela consultora Mercer. Partilha o lugar com Nova Iorque e Seattle (Estados Unidos) e com Tóquio (Japão), estando à frente de outras cidades europeias como Madrid (Espanha) e Roma (Itália). É a única cidade portuguesa considerada na lista.

Em relação ao ano passado, Lisboa perdeu pontos e caiu três posições, devido à "noção de emergência de conflito social" e às "paralisações laborais constantes", segundo a consultora. Ainda assim, continua na lista das 50 cidades mundiais com melhor qualidade de vida, liderada por Viena (Áustria), tal como em 2011.

Não há, de resto, grandes movimentações nos primeiros lugares em comparação com o ranking de há um ano. Depois de Viena, Zurique (Suíça), Auckland (Nova Zelândia), Munique (Alemanha) e Vancouver (Canadá) permanecem nos lugares cimeiros.

O estudo, que tem Nova Iorque como termo de comparação, abrange 221 cidades. Em comunicado, a Mercer explica que o principal objectivo deste ranking é “ajudar os governos e empresas multinacionais a remunerarem os colaboradores de forma justa quando são destacados para projectos internacionais”. Com base neste estudo, a consultora fornece recomendações às empresas sobre as compensações que devem dar aos seus trabalhadores por eventuais perdas de qualidade de vida nas cidades de destino.

Com Lisboa a descer três posições no ranking, altera-se a compensação devida aos trabalhadores destacados. Por exemplo, as empresas com sede na capital terão de pagar menos do que no ano passado aos colaboradores enviados para cidades que estejam abaixo na lista, porque a perda de qualidade de vida é menor. Por outro lado, os trabalhadores deslocados para Lisboa, vindos de cidades com mais qualidade de vida, vão receber compensações maiores do que no ano passado. As compensações podem variar entre 10% a 30% do salário base ganho no país de origem.

Para os colaboradores que forem deslocados, por exemplo, para Bagdad (Iraque), a compensação por perda de qualidade de vida deve disparar. A cidade está no último lugar da lista, à semelhança do que acontecia em 2011. A cauda do ranking inclui ainda Cartum (Sudão), N’Djamena (Chade), Port-au-Prince (Haiti) e Bangui (República Centro-Africana).

O ranking das cidades com melhor qualidade de vida é feito desde 1994 e sempre considerou 221 cidades, embora actualmente sejam analisadas mais de 400. No entanto, para efeitos de comparação com anos anteriores, a lista tem de manter as cidades em análise. O número de localidades considerado por cada país depende do respectivo desenvolvimento económico e da sua dimensão. No caso português, apenas pode ser considerada uma cidade, Lisboa, mas a consultora reuniu dados relativos também ao Porto, disponíveis caso as empresas os solicitem.
 

Tráfego e falta de oferta aeroportuária penalizam a capital
Nesta edição, o estudo Quality of Living 2012 identifica também as cidades com melhores condições em termos de infra-estruturas, com base na qualidade dos serviços de electricidade, disponibilidade de água, telefone, correio, transportes públicos, trânsito e eficiência aeroportuária.

Neste contexto, Singapura está no topo da lista, seguida pelas alemãs Frankfurt e Munique, em segundo lugar. Copenhaga (Dinamarca) e Dusseldorf (Alemanha) estão em quarto e quinto, respectivamente. Port-au-Prince ocupa a última posição da lista.

“As infra-estruturas das cidades alemãs e dinamarquesas estão entre as melhores do mundo, em parte, devido às instalações portuárias de primeira classe, à conectividade internacional e local e a um alto padrão de serviços públicos”, sustenta Tiago Borges, senior associate da Mercer.

Lisboa ocupa neste capítulo a 76.ª posição, penalizada pelo congestionamento do tráfego automóvel e pela oferta aeroportuária, quer em termos de infra-estruturas, quer ao nível da quantidade e frequência de oferta de destinos internacionais. “O sistema global de transportes públicos, apesar de obter uma boa classificação em termos absolutos, não atinge a classificação de excelência que é obtida por outras cidades comparáveis”, lê-se no comunicado da Mercer.

Por outro lado, a capital portuguesa teve boa nota no fornecimento de serviços de energia, água e comunicações telefónicas.

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