Lata da sardinha da Afurada é o “pontapé de saída” na certificação

A lata da sardinha da Afurada foi apresentada esta segunda-feira. Foi o primeiro passo na certificação do produto naquela freguesia de Vila Nova de Gaia.

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A edição limitada de 200 latas de sardinha constitui um passo simbólico Rita França

Em dia de São Pedro, a Afurada não pretendeu deixar passar a comemoração, sem dar a devida importância à sardinha. Em época de santos populares e com uma semana de festividades ainda pela frente, foi apresentada no Centro Interpretativo do Património da Afurada uma lata de sardinha “diferente”. A iniciativa é um primeiro passo na certificação da sardinha da freguesia, a nível nacional e internacional.

Ramiro Lapa, presidente da comissão de festas de São Pedro da Afurada, abriu as hostilidades nesta apresentação pública e, como anfitrião, não deixou de destacar os pontos altos das festividades este ano. Desde o fogo-de-artifício à procissão de São Pedro em pleno Rio Douro, a intenção foi demonstrar que a festa ainda tem alguns dias de “trabalho” pela frente.

A lata da sardinha da Afurada é uma novidade e tem de rivalizar este ano com os muitos anos de celebração do São Pedro. Mas isso não parece ser impeditivo para dar um novo ânimo e uma nova imagem ao sector piscatório da freguesia. A lata partiu do processo criativo da incubadora We came from space, a convite da Câmara de Vila Nova de Gaia. João Martino e Alejandra Jaña foram os porta-vozes da incubadora e embora o design ou a tipografia sejam primordiais, o projecto made in Afurada foi uma oportunidade de se colocarem, mais uma vez, perto das pessoas. “Trata-se de dar parte do nosso tempo a questões da comunidade”, salientou João Martino.

Alejandra Jaña teve o papel de guiar as atenções dos presentes para a o objecto lata de sardinha. Envolta em papel de seda, ora laranja, ora azul, a inspiração dos cenários de São Pedro da Afurada é notória. Se o laranja se aproxima da cor avermelhada das redes de pesca, o azul é a comunicação evidente com o mar. A ilustração do papel e as pequenas mensagens no interior são as garantias de que com a lata vem uma recordação ou uma decoração associadas.

A designer confessou ter essencialmente “desfrutado da Afurada”, mas o seu trabalho teve na pesquisa fotográfica uma dos seus aspectos essenciais.

“Um primeiro exercício de exploração gráfica” foi assim que Eduardo Vítor Rodrigues, presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia, caracterizou a nova iniciativa. A marca identitária da sardinha alarga-se à cidade e o autarca não minimizou a sua importância. “Avançamos com o projecto da sardinha enlatada, pescada pelos pescadores da Afurada com uma parceria da Cooperativa Propeixe, o que tem um efeito enorme na comunidade”, realçou.

O simbolismo vale por aquilo que vale, e neste caso, “vale pelo pontapé de saída”. O processo de certificação tem sido delineado pela autarquia, com propostas como a criação de uma designação de origem para a sardinha da Afurada e a eventual construção de uma pequena lota na freguesia. “Vai exigir alguns requisitos burocráticos e força para ultrapassar as dificuldades”, acrescentou Eduardo Vítor Rodrigues.

Para Leopoldina Silva de 64 anos, vendedora de peixe na freguesia, os projectos para valorizar a pesca na Afurada são sempre bem-vindos, embora não saiba muito bem do que trata a apresentação. A curiosidade e o ajuntamento de pessoas atraiu-a até ali e o certo é que também levou uma lata de sardinhas para casa. Ao PÚBLICO, Leopoldina repetiu que a Afurada necessita continuadamente de apoios neste sector.

A edição limitada de 200 latas de sardinha constitui um passo simbólico e atribui um “carácter artesanal” ao projecto, que nunca deixa de estar conectado com a freguesia. “O objectivo era que não fosse algo frio, mas próximo das pessoas”, concluiu Alejandra Jaña. 

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