Lamego investe 2,5 milhões para devolver principais avenidas aos peões

Em Janeiro de 2014 deverá ser possível percorrer a pé todo o eixo barroco da cidade, como acontecia no passado.

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Programa global Viver Lamego tem um custo de dez milhões de euros e é financiado pelo QREN Fernando Veludo (Arquivo)

As avenidas ao fundo do escadório do Santuário da Nossa Senhora dos Remédios, consideradas a “sala de visitas” da cidade de Lamego, vão, na segunda-feira, entrar em obras, num investimento superior a 2,5 milhões de euros.

Estas obras no chamado eixo barroco integram-se num projecto mais alargado de regeneração urbana, o Viver Lamego – um investimento de dez milhões de euros, financiado pelo Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) – que foi apresentado publicamente nesta sexta-feira.

A responsável pela Divisão de Obras Municipais da câmara, Maria de Lourdes Figueiredo, explicou que se pretende melhorar a circulação pedonal, drenar as águas das chuvas que provocam frequentemente inundações e substituir a tubagem da rede de abastecimento de água, “que é perigosa para a saúde pública”, por conter amianto. Depois das obras concluídas, o que deverá acontecer em Janeiro de 2014, será possível percorrer a pé todo o eixo barroco, entre o fundo do escadório e o Museu de Lamego, tal como acontecia no passado. “Estamos a retomar a história”, frisou.

Dando resposta a algumas das principais preocupações da população, o arquitecto João Guedes Marques garantiu que será mantido o Monumento ao Soldado Desconhecido, o alinhamento arbóreo e também os quatro espelhos de água que reflectem a imagem do escadório. Apesar de privilegiar os peões, o projecto manterá “estacionamento paralelo às zonas pedonais”, acrescentou.

O projecto Viver Lamego engloba também obras que estão já em fase mais avançada, nomeadamente no Bairro do Castelo e no largo da feira. João Guedes Marques explicou que, no Bairro do Castelo, além da requalificação do espaço público, será criado o Centro de Design e Estudos da Prata, a cisterna dará lugar ao Centro de Exposições e a torre do castelo ao Museu Militar. A Padaria do Cantinho acolherá os escuteiros e o Solar da Rua da Olaria um centro de apoio social (uma parceria com a Santa Casa da Misericórdia) e serão criados o Centro do Artesanato, das Artes e Oficinas Tradicionais e o Centro de Actividades Ocupacionais do Castelo. O arquitecto explicou que o último projecto visa a inclusão social dos idosos, uma vez que dois estudos mostraram que cerca de 80% da população do Bairro do Castelo é idosa.

No Bairro do Castelo decorrem há ano e meio trabalhos arqueológicos, tendo sido descoberto um cemitério “com vestígios que apontam para a ocupação pré-romana”, casas, vários artefactos e moedas, segundo o arqueólogo Ricardo Teixeira. “Tudo isto são elementos que podem ser valorizados em projectos de musealização”, defendeu.

Convencido de que as cidades serão “as fábricas do século XXI”, o presidente da câmara municipal, Francisco Lopes, sublinhou a importância de as modernizar, de forma a oferecer “emprego estável e bem remunerado”, que permita fixar os jovens.

Presente na cerimónia esteve o secretário de Estado da Economia e Desenvolvimento Regional, Almeida Henriques, que realçou a importância de aplicar bem os fundos comunitários: “Os fundos comunitários são o único instrumento que hoje o Governo pode utilizar”, afirmou, acrescentando que devem ser usados para “travar a hemorragia que se tem verificado nas últimas duas décadas, de perda de população”.
 
 

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