Junta de freguesia oferece um porco por cada casa da aldeia

A Junta de Freguesia de Linhares, concelho de Paredes de Coura, começou por oferecer pintos, mas este ano vai distribuir suínos. Os contemplados comprometem-se a cultivar um campo de milho.

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Produtores de carne de porco queixam-se dos preços baixos Carlos Lopes

Depois das sementes e dos pintos, chegou a vez dos porcos. Os suínos são o último trunfo jogado pelo presidente da Junta de Freguesia de Linhares, concelho de Paredes de Coura.

Desde que assumiu a presidência da junta, em 2009, Amândio Pinto pôs em prática uma política de desenvolvimento rural para travar o abandono da aldeia. Enfermeiro de profissão, o autarca de 36 anos começou por fornecer sementes. Em 2012, distribuiu 20 pintos, avaliados em 30 euros, por cada casa da aldeia. Cerca de duas mil aves foram entregues em 60 das 80 casas habitadas da freguesia. Este ano, a junta reservou uma verba de cerca de cinco mil euros para oferecer suínos aos fregueses. Um por cada casa, cada um com um valor aproximado de 60 euros. Mas há uma condição: quem beneficiar deste incentivo à actividade pecuária terá que se comprometer a semear um campo de milho.

Anualmente, a junta gasta cerca de 12 mil euros em medidas de estímulo à economia local. O investimento no desenvolvimento rural é assegurado pela principal fonte de rendimento da freguesia, os baldios, que lhe rendem cerca de 20 mil euros anuais.

Em declarações ao PÚBLICO, Amândio Pinto manifestou-se confiante “numa boa adesão” dos 198 habitantes da aldeia à campanha dos suínos, à semelhança do acontecido nos anos enteriores com as sementes e com os pintos. Está convencido de que a agricultura de subsistência pode ser uma forma de fixar jovens à terra, e de contrariar assim o envelhecimento e a desertificação com que se debate todo o concelho de Paredes de Coura.

Mas, para Amândio Pinto, o retomar da actividade agrícola representa também e, em tempo de crise, uma importante ajuda no orçamento familiar. Além disso, o autarca quer evitar que também “os mais velhos” abandonem os campos. A falta de alfaias agrícolas não há-de ser desculpa. Nos últimos anos, a junta investiu em vários equipamentos que estão permanentemente ao dispor dos habitantes da aldeia. Há um tractor comunitário que cada casa pode usar, rotativamente, por quatro horas. E existe ainda um semeador pneumático e outra maquinaria necessária à produção agrícola.

Mas os apoios da junta aos habitantes de Linhares não se limitam à agricultura e pecuária. Em 2012, o executivo iniciou as consultas gratuitas de medicina geral. No último sábado de cada mês, a sede da junta transforma-se em consultório para um médico da Santa Casa da Misericórdia de Paredes de Coura e uma enfermeira prestarem serviços de despiste e prevenção de doenças. O serviço superou todas as expectativas e, além dos idosos, os principais destinatários da medida, também os mais jovens já aproveitam a consulta. A população idosa recebe também todos os anos, em Setembro, lenha para garantir o aquecimento da casa. Os habitantes com mais de 65 anos recebem um carregamento de lenha no valor de 110 euros.

A junta também apoia financeiramente a aquisição de material escolar e funciona como centro de explicações. Dois sábados por mês, durante quatro horas por aluno, do ensino básico ao secundário, a junta disponibiliza professores que vêm esclarecer dúvidas nas disciplinas de Português e Matemática.

Em ano de eleições, Amândio Silva faz balanço positivo das medidas “inovadoras e pioneiras” que foi introduzindo. Além de já ser visível o regresso ao cultivo das terras, o autarca, que se vai recandidatar de novo como independente nas listas do PSD, adianta que os incentivos “mexem com a economia do concelho, nomeadamente ao nível dos fornecedores, proporcionando a criação de crescimento e desenvolvimento”.

No próximo acto eleitoral, e por causa da Reorganização Administrativa do Território, Amândio Pinto irá concorrer à união das freguesias de Cossourado e Linhares. A sua aldeia, com os seus 233 eleitores, será, conforme consta da proposta da unidade técnica, agregada à freguesia vizinha de Coussorado. Uma fusão que, por acaso, Amândio Silva até contestou junto de todos os órgãos autárquicos locais e até nas ruas, nas manifestações promovidas em Lisboa pela Associação Nacional de Freguesias (Anafre).
 

 

 

 

 
 
 
 

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